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Juliane concluiu sua graduação em Comércio Exterior em uma universidade particular de renome e credibilidade. Sem muito esforço, ela se destacou dos colegas, pois sua formação incluía um intercâmbio nos Estados Unidos e cursos de férias na Espanha e na França, onde ela se aprimorou no francês e no espanhol. As oportunidades no exterior lhe garantiram uma visão diferente da dos demais estudantes – por essa razão a aluna conseguia propor aspectos inovadores em seus projetos e trabalhos acadêmicos.

Ainda durante a faculdade, Juliane estagiou em duas grandes empresas. As vagas que ela ocupou foram conquistadas devido a contatos feitos por seu pai, um empresário conhecido pelo mercado. Porém, em ambas as experiências profissionais a jovem não demonstrou muito interesse e não aceitou as ofertas de efetivação, visto que queria viajar mais e vivenciar outras realidades. Então, assim que se formou, Juliane foi para a Itália a fim de cursar uma especialização em sua área. Os custos com a viagem e as aulas seriam pagos pelo pai, que não definiu prazo para que a garota concluísse o projeto. Mas ao chegar àquele país Juliane repensou seus planos e optou por fazer uma faculdade de Gastronomia. Aprendeu todos os segredos da culinária italiana e após dois anos retornou ao Brasil com o intuito de abrir um restaurante. Entretanto, mudou novamente de idéia ao constatar que teria que se dedicar exclusivamente ao negócio.

Embora tenha ficado muito aborrecido com mais essa alteração de rumo, seu pai, que já havia investido em um ponto comercial para o restaurante, não contrariou a jovem. Em vez disso, conseguiu para ela uma entrevista em uma grande multinacional, onde ela poderia colocar em prática seu conhecimento em idiomas. Desse modo, Juliane ganhou com facilidade uma vaga no Departamento de Comércio Exterior. Sua educação e desenvoltura lhe asseguraram a conquista do emprego e a afeição de seus supervisores. Em pouco tempo, ela foi promovida e sua performance começou a ser acompanhada pela gerência.

Ao final do primeiro ano, contudo, Juliane se cansou da rotina e deixou o posto para fazer um curso de corte de cabelos na Inglaterra. Seu pai, mais uma vez, não hesitou em pagar as despesas, pois ainda acreditava no potencial da filha. Na época, Juliane permaneceu fora por quase três anos e retornou ao Brasil com a idéia de montar seu próprio salão. Todavia, antes mesmo de inaugurar o empreendimento, Juliane reconsiderou e decidiu abandonar mais esse projeto profissional. Seu pai, sempre conivente, não conseguia cobrar dela mais responsabilidade e comprometimento. Por ter vindo de uma família muito humilde e ter passado sérias dificuldades financeiras, aquele homem fazia de tudo para que a filha jamais vivenciasse os maus bocados por que ele passou. Por isso, mimava a jovem e lhe ofertava tudo o que não teve na juventude pobre.

Dessa forma, ele criou uma pessoa superficial e imatura. Antes que pudesse ensinar o valor do trabalho à filha, o pai de Juliane faleceu bruscamente em decorrência de um derrame. De repente, a jovem se viu sozinha e sem perspectiva profissional, pois seu pai foi quem sempre resolvera tudo. Assim que se recuperou da perda, ela até tentou resgatar os contatos com os antigos empregadores, mas recebeu negativas de todos. Seu desinteresse e falta de comprometimento lhe conferiram uma imagem negativa perante o mercado de trabalho. Ela não havia permanecido em nenhuma organização nem mantido qualquer projeto que houvesse iniciado. Agora, na ausência de seu pai, ela estava completamente perdida.

Após muito procurar, Juliane conseguiu se recolocar em uma empresa com a qual seu pai cultivara bom relacionamento. Mas seu cargo é pequeno e não há nenhuma possibilidade de crescimento na organização. Hoje Juliane reconhece que desperdiçou todas as oportunidades que obteve quando seu pai ainda era vivo. Ela tem consciência de que fez pouco caso das experiências únicas que teve e que, daqui para a frente, precisa reconquistar a credibilidade perdida.

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Infelizmente, nossos pais – os provedores – não são eternos. Porém, seus ensinamentos e exemplo podem perdurar no comportamento dos filhos. Para isso, entretanto, é preciso que eles saibam transmitir a seus descendentes a responsabilidade exigida pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Muitas vezes, ganhos fáceis, realizações garantidas sem esforço algum, podem distorcer a realidade e dar a impressão de que tudo pode ser conquistado se apenas desejarmos com vontade. Mas o caminho para o sucesso pressupõe trabalho árduo e comprometimento – sempre. Somado a isso, é preciso desenvolver a capacidade de visualizar oportunidades e aproveitá-las o máximo possível, pois o que fazemos com nosso tempo é o que determina nosso sucesso ou fracasso futuro. Podemos utilizá-lo com conhecimento ou desperdiçá-lo com frivolidades. Cabe a cada um a escolha.

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SAIBA MAIS...

Projeto Arara Azul

Em parceria, a WWF-Brasil, a Toyota do Brasil, o Bradesco, a Vanzin e a Brasil Telecom apóiam o projeto de preservação da Arara Azul, desenvolvido na área de pantanal dos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O projeto é conduzido pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (Uniderp) e Fundação Manoel de Barros (FMB), em um espaço de 400 mil hectares. O Arara Azul prevê o acompanhamento das aves na natureza, o monitoramento de ninhos naturais e artificiais e o desenvolvimento de ações de preservação - que vão desde estudos técnicos sobre reprodução e comportamento da espécie até atividades de educação ambiental para a comunidade. Integram o projeto, com aproximadamente 365 ninhos naturais e 180 artificiais, mais de 50 fazendas, cujos proprietários se comprometem a observar as araras e proteger esses animais. Em sete anos de trabalho, o Arara Azul viu a população de araras aumentar de 1,5 mil para 5 mil na região.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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