• Carregando...

Disciplinada e dedicada, Kátia conquistou o cargo de secretária na multinacional em que trabalha há oito anos. Seu salário, hoje, está acima da média paga pelo mercado, e suas atribuições são compatíveis com sua generosa remuneração. Desde que ingressou na organização, Kátia concluiu uma especialização, diversos cursos de aprimoramento técnico e dois de idiomas. Tudo isso subsidiado pela empresa, que premiou o bom desempenho da profissional com diversas promoções e benefícios.

Seu histórico pessoal e a trajetória de sua carreira podem ser motivo de inveja para algumas pessoas, pois Kátia conseguiu, em pouco tempo, o que a maioria almeja. Com 38 anos, a secretária goza de estabilidade e respeito profissional, além de possuir um casamento feliz e sólido. Porém, influenciada por diversos artigos veiculados em revistas especializadas, ela optou por promover uma mudança em sua vida. Para uma mulher como Kátia, que estava "estagnada" na mesma empresa havia oito anos, já era hora de dar uma guinada, segundo os autores. Por isso, Kátia decidiu procurar um headhunter para ajudá-la a mudar de emprego.

O especialista, no entanto, ficou surpreso com o pedido daquela profissional, sobretudo após constatar que ela havia crescido muito dentro da atual empresa, que possuía credibilidade entre os colegas de trabalho e o respeito de seus superiores. Sem mencionar o fato de que sua remuneração era excelente e dificilmente seria repetida em outra organização. O headhunter, então, perguntou a Kátia há quanto tempo ela era casada. "Há 12 anos", respondeu ela. "E por que você não muda de marido?", indagou o consultor, para espanto da secretária.

Antes, entretanto, que ela pudesse dizer os motivos, o consultor lhe explicou que nem sempre é preciso uma mudança de emprego, mesmo depois de muitos anos. Contou, ainda, que permanecer em uma mesma organização não significa, necessariamente, estagnar. Principalmente no caso de Kátia, que estava, visivelmente, em ascensão – ano após ano ela recebia promoções e conquistava mais espaço no grupo. De acordo com o headhunter, Kátia havia interpretado de modo equivocado os conselhos fornecidos pelas revistas.

"As mudanças incentivadas pelos autores dizem respeito às carreiras que estão, de fato, estacionadas. Além do mais, é importante saber que uma movimentação de carreira não é válida somente na vertical. Profissionais que migram para áreas diferentes, dentro da mesma empresa, também são considerados promissores", esclareceu o especialista. O entender dele era de que as mudanças podem ocorrer de diversas formas e de que nem sempre a troca de empresas é a melhor solução quando se quer mudar. Se Kátia estava atrás de novos desafios, nada a impediria, portanto, de conquistá-los na organização atual. Além disso, a secretária poderia buscar, constantemente, o aprimoramento pessoal, com o desenvolvimento de novas habilidades.

Após a reunião com o consultor, a profissional retornou para a empresa com novo ânimo. Implementou ali um projeto social e engajou-se na comissão interna de prevenção de acidentes. Depois de algum tempo, a jovem voltou a encontrar o headhunter. Mas, dessa vez, para contar-lhe que havia optado por permanecer na organização e por mudar as pessoas à sua volta, bem como sua percepção de mundo.

***

Como em um casamento bem-sucedido, há momentos em que precisamos mudar de postura, fazer concessões, sair da rotina. Mas não precisamos trocar de marido ou de esposa só porque convivemos com eles tranqüilamente por diversos anos. O mesmo vale para profissionais que se encontram satisfeitos em suas funções ou que estão bem adaptados a certas culturas organizacionais. Por isso, a palavra "mudança" deve ser substituída por "dinamismo", em certos casos. Cabe avaliar se a situação pede um "divórcio" ou a manutenção da frase "Felizes para sempre". *****

SAIBA MAIS...

Oficina de Talentos Desde o ano passado a América Latina Logística (ALL) vem desenvolvendo o projeto Oficina de Talentos em parceria com o Instituto Nardoto de Educação Profissional (Inep) e o Colégio Bagozzi. O objetivo é promover cursos de mecânica e elétrica básicas para capacitar estudantes do ensino médio de escolas públicas próximas à sede da empresa, em Curitiba. Os alunos que têm melhor rendimento são selecionados por essas escolas e encaminhados à Universidade Corporativa América Latina Logística (Uniall) para passar pelo treinamento, que dura sete meses.

O Inep e o Bagozzi são responsáveis pelo recrutamento dos participantes, pela organização e pela execução das aulas; a ALL disponibiliza as oficinas de locomotiva para o aprendizado e oferece a possibilidade de contratação aos melhores alunos. O projeto, que já beneficiou 28 jovens de três instituições na capital paranaense, pretende formar, este ano, mais três turmas nas unidades da ALL de Rio Negro (PR) e Porto Alegre (RS).

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]