Os sindicatos conseguiram boas negociações salariais em 2005. Mesmo com o crescimento da economia menor do que o registrado em 2004, boa parte das entidades negociou acordos salariais que garantiram aos trabalhadores aumento igual ou superior à inflação. Segundo José Silvestre, supervisor do Dieese, mais de 80% dos acordos fechados em 2005 foram nessas condições. O resultado oficial será divulgado em fevereiro de 2006. A pesquisa do Dieese leva em consideração acordos negociados por cerca de 600 sindicatos.

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- Grandes categorias fecharam acordos com ganho real e o percentual de bons acordos pode até superar os 80%. Os trabalhadores da indústria automobilística tiveram ganho próximo a 4%, os químicos 2%, o setor moveleiro quase 2% e o de confecção e vestuário perto de 1% - disse Silvestre, acrescentando que o crescimento da economia, ainda que em patamar inferior a 2004, ajudou bastante.

Na avaliação dele, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao terceiro trimestre foi um "banho de água fria" na economia (queda de 1,2%), mas acabou não surtindo muito efeito sobre os acordos salariais. Vários foram fechados antes da divulgação do número e a expectativa de crescimento da economia no ano permaneceu em torno de 3%.

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- A economia em recuperação favorece as negociações, que ficam mais fáceis. O ânimo redobra sem a pressão da demissão e do desemprego e o trabalhador acaba lutando mais pela riqueza que ajudou a produzir - disse Silvestre.

Segundo o técnico do Dieese, 2003 foi o pior ano dos acordos salariais dos últimos tempos. Apenas 42% dos sindicatos conseguiram aumentos igual ou superior à inflação. Em 2004 e 2005, a queda da inflação ajudou bastante a conquista de maior reajuste salarial. Silvestre explicou que em 2005 algumas categorias que não haviam nem mesmo zerado a inflação em 2004 acabaram conseguindo aumento real. É o caso da construção civil. Os bons acordos também foram puxados pelo bom desempenho da indústria nos últimos dois anos.

Segundo Silvestre, empresas exportadoras que tiveram bons resultados financeiros repassaram os ganhos aos trabalhadores. Também foi mais fácil negociar depois que o consumo subiu com o aumento do crédito consignado, a modalidade em que as prestações são descontadas diretamente na folha de pagamento do consumidor.

O primeiro semestre já havia indicado uma boa recuperação da renda do trabalhador, por meio dos acordos salariais. Foram 347 negociações nos primeiros seis meses do ano em todo o país. De acordo com o levantamento, houve recomposição da inflação em 84% das negociações. O resultado superou os 76% registrados no primeiro semestre de 2004.