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Elza Kallas gerente da unidade de xisto da Petrobras em São Mateus do Sul: conquista de espaço em setor tido como “masculino”. | Divulgação/Cláudia Ferreira
Elza Kallas gerente da unidade de xisto da Petrobras em São Mateus do Sul: conquista de espaço em setor tido como “masculino”.| Foto: Divulgação/Cláudia Ferreira

Toque feminino melhora resultados do trabalho

Qual a diferença em ter uma mulher no posto de chefia? Se a sua resposta for "nenhuma" ou algo negativo, talvez você precise reavaliar conceitos. Seja em uma redação de jornal, empresas do setor financeiro, ou outro tipo de negócio, a gestão feminina demonstra mais sensibilidade e produtividade ao administrar o poder.

"A capacidade de se colocar no lugar do outro, entender e perceber mais as situações é um diferencial da mulher no atual mercado de trabalho", afirma Gerusa Mengarda, gerente de recursos humanos da consultoria Allis. Para Gerusa, a gestão feminina é mais eficaz porque as mulheres assumem uma postura de divisão em múltiplas tarefas.

"Desde tarefas domésticas às profissionais, a mulher se programa e se dedica, priorizando situações, sem ficar ausente", conta Gerusa. No campo profissional, Gerusa diz que as mulheres sabem dialogar mais que os homens e têm maior habilidade na hora de negociar.

Outro fator que mostra o diferencial na gestão feminina são os valores agregados às chefias que são repassados aos subordinados. "O perfil da mulher é mais sistêmico. Ou seja, ela consegue enxergar todos os processos profissionais e os trabalha sempre para o melhor resultado", define Lúcia Helena Rahmé, coordenadora do curso de Gestão de Recursos Humanos da UniCuritiba.

Lúcia diz que o perfil das mulheres é maternal, e isso contribui a uma visão de grupo. "A mulher não está preocupada em ser a chefe, ela quer que o trabalho em equipe dê certo", afirma. A especialista Gerusa concorda e completa que a mulher busca trabalhar e receber a devida valorização, "pois este é o principal objetivo".

As especialistas afirmam que a postura da mulher mudou muito nos últimos anos. Elas estão se preparando cada vez mais e buscam espaço no meio profissional. (AC)

Engenheira é gerente na Petrobras

Delegar e coordenar o serviço de 400 pessoas diariamente. Gerenciar uma atividade industrial e ser pioneira em um cargo de chefia. Este é um breve perfil da engenheira Elza Kallas, primeira mulher a assumir a gerência-geral da Unidade de Industrialização do Xisto – Petrobras Six, em São Mateus do Sul, na região Sul do Paraná.

Elza começou a gerenciar o trabalho de mineração do xisto em 2006. Ela é responsável em delegar os trabalhos desde a exploração de matéria prima até o processamento para fazer derivados como combustível. Além disso, a engenheira também coordena uma unidade-piloto da Petrobras que desenvolve novas tecnologias a partir do xisto.

"Desde que comecei a trabalhar nesta posição, senti que seria um grande desafio. Tanto pelo ineditismo na empresa, quanto ao apoio que recebi de muitas outras profissionais", diz Elza. Para a engenheira, mesmo o perfil do tipo de trabalho sendo considerado masculino, a mulher possui um diferencial e contribui de forma positiva às empresas.

Quando está no trabalho, Elza diz que sempre está de uniforme, pronta para fazer e desenvolver suas atividades. Sobre a receptividade dos homens desde que assumiu o cargo, a engenheira define que ganhou espaço ao demostrar confiança no papel que exercia, além de ter comprometimento com trabalho.

Para Elza, é importante destacar que as mulheres têm oportunidades e que elas podem ousar para conquistar o mercado. "Não precisamos ter medo, pois fazemos parte de uma sociedade que caminha para o equilíbrio dos sexos", finaliza.

Um estudo revelou que as mulheres ocupam 44,5% dos postos de trabalho nas 100 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. A pesquisa, que foi realizada pela consultoria Great Place to Work, também apontou que as profissionais ocupam 53% dos cargos de chefia nas 10 primeiras organizações do ranking no país.

A ascensão das mulheres no ambiente corporativo brasileiro é uma tendência própria do mercado. Segundo a Great Place to Work, em 1997, quando o mesmo estudo foi feito com o conjunto de empresas, apenas 11% dos cargos de liderança eram ocupados por mulheres.

Os resultados da pesquisa refletem a necessidade das empresas por profissionais do sexo feminino, assim como a especialização destas mulheres que buscam melhores cargos. Entre as 100 empresas avaliadas, 20% mantêm práticas diferenciadas de gestão voltadas a oferecer oportunidades, além de desenvolvimento profissional e pessoal às mulheres.

A professora Lúcia Helena Rahmé, coordenadora do curso superior de Tecnologia em Gestão e Recursos Humanos do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), afirma que as mulheres conseguiram um espaço maior em diferentes carreiras nos últimos anos por causa da dedicação e esforço. E o mesmo aconteceu com as empresas, que procuram profissionais atuantes e com atitude, independentemente da área de trabalho.

Para Lúcia, o ambiente corporativo das empresas tem ganhado muito com mulheres em cargos de chefia. "Ao tomar decisões, as mulheres possuem uma sensibilidade que é própria do sexo feminino", afirma a especialista. "Há uma predisposição em entender e enfrentar os problemas, seja com clientes ou outros funcionários de uma organização", completa.

Enquanto as mulheres se profissionalizam e se equiparam aos homens profissionalmente, as empresas reconhecem que o poder feminino é válido para mediar situações difíceis, como a atual crise do setor financeiro. Lúcia explica que as companhias associam às mulheres qualidades como empatia, paciência, habilidade em trabalhar em equipe, capacidade de delegar e negociar.

"A flexibilidade na rotina de trabalho é maior. Há uma preocupação em fazer o melhor para todos, pois a mulher quer promover movimentações e mobilizar as pessoas", diz a especialista.

Lúcia explica que a mulher não quer se igualar ao homem, e nem ser melhor. "Não existe o pensamento que homens e mulheres são iguais. Porque quando um tenta se igualar ao outro, ambos se anulam", afirma. Para a professora, mãe e empresária, o que existe são perfis de trabalhadores diferentes, e o mercado deve promover todos.

Pesquisa

Na análise das 100 melhores empresas para trabalhar no Brasil, o Great Place to Work elaborou um ranking das 25 melhores organizações do País para as mulheres. A lista é liderada pelo Laboratório Sabin, presidido pelas médicas Janete Vaz e Sandra Costa. Em seguida estão as empresas Microsoft, Recofarma (Coca-Cola), FedEX, Losango, Nasajon Sistemas, Byofórmula, Grupo Ouro Fino, Cultura Inglesa, Zema, Okto, Intelig, Cosmotec, Sabre, Ampla, Associação Brasil-América, Prezunic, Service IT Solutions, Brasilcap, Visa Vale, Quintiles, Matera Systems, Y&R, Porto Freire e Rohm & Haas.

As 25 companhias têm em comum o investimento contínuo para garantir a ascensão profissional das mulheres. Elas oferecem incentivos e programas associados a práticas de gestão específicas para o universo feminino. Entre os diferenciais estão políticas de contratação com igualdade de condições e capacitação, programas de saúde especiais (prevenção ao câncer de mama, programas de gestantes), ampliação da licença maternidade, plano de carreira diferenciado, além de programas de diversidade e inclusão.

Entre os destaques das práticas adotadas pelo Laboratório Sabin estão benefícios como auxílio-babá, empréstimos para a compra de imóveis e carros e salário-mínimo adicional, destinado às gestantes.

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