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Caio Doi, do centro de tecnologia global do HSBC, em Curitiba: empresa adotou dias em que os funcionários praticam o inglês no ambiente de trabalho | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Caio Doi, do centro de tecnologia global do HSBC, em Curitiba: empresa adotou dias em que os funcionários praticam o inglês no ambiente de trabalho| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Pouco uso do idioma faz profissional superestimar sua fluência

Uma situação comum e que puxa o índice de inglês entre executivos para baixo é a impressão que os próprios profissionais têm do seu nível no idioma. Para muitos deles, o conhecimento que possuem é suficiente para o que as empresas em geral acabam exigindo. "Em boa parte dos casos, os executivos acreditam que o seu nível é um degrau acima do que realmente é. Ou seja, alguém que tem um inglês intermediário acha que é avançado; aquele que tem um nível avançado se considera fluente. Mas nas entrevistas é possível constatar qual é a situação verdadeira", diz Leandro Muniz, gerente regional da consultoria Michael Page.

Muniz, no entanto, não credita este quadro a uma possível "má-fé" dos candidatos, mas a uma autoavaliação feita de forma errada, comum para quem não usa o idioma com tanta frequência. Para Joachim Riedel, diretor do Buchman Institute, escola curitibana especializada em inglês voltado a negócios, a falta de prática no idioma seria um dos fatores que impedem os executivos de ter um nível melhor de inglês. "Muitos destes profissionais apresentam um nível de leitura razoável, mas a conversação ainda é o ponto complicado e exige prática para melhorar", afirma Riedel.

Conscientização

Ainda assim, Riedel acredita que a situação do país – e também de Curitiba – em relação ao conhecimendo do idioma está melhorando. "A situação vem mudando rapidamente; as empresas percebem a necessidade de investir mais na língua e os executivos estão ainda mais conscientes de que sua carreira fica limitada sem esse conhecimento", diz.

Saber inglês é uma exigência para quase todas as vagas para executivos oferecidas por multinacionais, mas os candidatos paranaenses não estão correspondendo às expectativas. Segundo um levantamento da consultoria Michael Page, apenas 40,5% dos profissionais de nível gerencial no estado possuem conhecimento "aceitável" da língua para a posição. Mesmo considerado baixo, o número ainda é superior à média nacional, de 33%. A situação prejudica tanto os candidatos, que por vezes ficam excluídos das oportunidades, quanto as empresas, que, sem opção, precisam investir em programas internos de treinamento ou cursos em parceria com escolas de idiomas.

Leandro Muniz, gerente regional da Michael Page, explica que o idioma é exigido também para uma grande parcela dos cargos abertos por empresas brasileiras. "As organizações que têm matriz fora do Brasil exigem que o profissional tenha um inglês avançado para que possa manter contato com superiores ou pessoas e projetos de outras unidades pelo mundo. As empresas locais pedem conhecimento do inglês por causa de projetos que elas têm ou pretendem desenvolver com fornecedores e parceiros no exterior", afirma.

Com dificuldade para conseguir profissionais que se encaixem no nível exigido do idioma, muitas vezes as empresas veem como alternativa a seleção de um candidato que cumpra bem os outros requisitos da vaga, deixando a capacitação no inglês para quando ele já estiver contratado. "Algumas empresas podem abrir mão do inglês num primeiro momento e, assim, apostar em um candidato que desempenhe bem as outras competências, buscando a fluência no idioma posteriormente", diz Carlos Contar, diretor regional da consultoria Business Partners no Paraná.

Programas internos

Capacitar os empregados vem sendo a opção utilizada pelo HSBC GLT, o centro global de tecnologia do banco, que tem sede em Curitiba. Segundo seu diretor de recursos humanos, Caio Doi, 90% das posições dentro da companhia demandam nível avançado ou fluente de inglês e a dificuldade em preencher as vagas leva a companhia a desenvolver programas por conta própria.

"Em geral, precisamos de gente muito capacitada em programação e com um ótimo inglês, para que possam atender às demandas vindas de diversos países. Sem encontrar esses profissionais, aprimoramos toda uma cultura de incentivo interna para que os contratados, assim como toda a equipe, consigam desenvolver o idioma ao longo do tempo", conta Doi. Entre as ações propostas pelo HSBC GLT estão a padronização de parte da comunicação interna em inglês, assim como dias exclusivos para todos os funcionários exercitarem a língua, além de grupos direcionados de estudo.

Além dos casos em que a língua é essencial para o profissional cumprir suas funções, o bom conhecimento do inglês ainda ajuda na imagem dos candidatos diante dos recrutadores, de acordo com Contar, da Business Partners. "As organizações também têm a percepção de que o candidato com um nível avançado do idioma é alguém que aposta em sua própria formação. Esse conhecimento evidencia que ele busca o desenvolvimento pessoal, o que é muito bem visto pelas empresas", diz Contar.

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