O mal da intolerância

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Mirian possui diversas qualidades e características promissoras: é pós-graduada em Finanças, é dinâmica, proativa e fala fluentemente três idiomas. Na esfera pessoal, Mirian é uma esposa companheira, uma filha dedicada e uma amiga fiel. Além disso, participa de um programa de voluntariado que favorece crianças carentes. Todos esses atributos ajudam a definir a pessoa que Mirian se tornou ao longo de sua vida. Esses aspectos, juntos, fazem dela uma profissional muito atraente para o mercado.

Por essa razão, Mirian recebeu uma boa proposta de uma grande empresa. Ali, sua missão seria de extrema importância, pois auxiliaria a organização a expandir seus negócios para o exterior. A profissional, envaidecida pelo convite e desafiada pela oportunidade única, deixou seu emprego anterior para assumir a dianteira do projeto de expansão. No novo cargo, Mirian demonstrou competência e comprometimento com os resultados. Cumpriu todas as metas estabelecidas nos prazos predefinidos e começou a imprimir uma dinâmica diferente no ambiente de trabalho.

A equipe, motivada pela vivacidade e inspiração de Mirian, mostrou maior envolvimento e responsabilidade com o projeto, garantindo as respostas esperadas. Os diretores da empresa não cabiam em si, tamanha era sua satisfação. Comentavam, entre eles, que a contratação de Mirian havia sido acertada e que, graças a ela, a organização já se encontrava em um patamar superior.

A profissional, aos poucos, foi adquirindo mais respeito e credibilidade tanto diante dos subordinados quanto dos superiores, tendo em mente que seu reconhecimento se devia ao esforço contínuo e às horas de dedicação ao projeto. Sabia que, se sua produtividade diminuísse, poderia ser vista com outros olhos, com menor entusiasmo. Por isso, tentava fazer com que seu desempenho se mantivesse sempre o mesmo, separando, com maestria, suas dificuldades pessoais da vida profissional.

Porém, a harmonia entre a carreira e os interesses individuais de Mirian estava prestes a terminar. Certo dia, a funcionária foi informada de que precisaria cumprir expediente no sábado, pois a finalização do projeto de ampliação exigia, a partir daquele momento, mais horas de trabalho. Toda a equipe já havia sido notificada. Mirian, que nunca havia discordado da política da empresa até então, precisou se reunir com os diretores para avisá-los de que não poderia atender àquela decisão.

Estupefata com a negativa da colaboradora, a diretoria quis saber o motivo de seu posicionamento. Mirian explicou a seus superiores que, por causa de sua religião, não poderia comparecer ao trabalho nos sábados, mas compensaria as horas de atividade durante a semana, após o expediente normal. Entretanto, os gestores consideraram sua atitude anarquista e lhe disseram que não poderiam abrir exceções, pois isso poderia causar uma grande confusão entre os outros empregados. Continuaram alegando que a empresa não possuía religião e que, nela, todos deveriam ser considerados iguais, com os mesmos direitos e obrigações.

Mirian, em contrapartida, lhes respondeu que nem ela nem os demais colegas poderiam ser considerados iguais, pois eram únicos, distintos entre si. Finalizou sua explanação mencionando que ela própria era formada por diversas características, pessoais e profissionais, e que uma delas dizia respeito à religião - no caso, sabatista. Como poderia a empresa ignorar um aspecto tão importante, que definia sua personalidade, seus valores e suas crenças? Mas não houve acordo. A organização não permitiu que Mirian estivesse ausente aos sábados, mesmo trabalhando mais nos outros dias da semana. A profissional, então, deixou a empresa por outra, na qual as pessoas eram valorizadas individualmente e aceitas com suas diferenças e peculiaridades.

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Um profissional de sucesso combina diversas características que o definem como pessoa e determinam seus sentimentos, crenças, medos e expectativas. Sem tudo isso, ele não seria diferente de uma máquina, programada somente para produzir. Por isso a religiosidade, dentre tantos predicados, tem importância fundamental para aqueles que buscam nela uma forma de transcender, de ver o mundo sob outros aspectos, menos racionais e objetivos. Não cabe às empresas julgar ou questionar crenças individuais, e, sim, tentar conviver com elas, conhecendo-as e respeitando-as.

Afinal, a razão das organizações não é mais, somente, a produção de bens ou a oferta de serviços. Hoje as empresas têm a responsabilidade de gerar postos de trabalho, garantir o crescimento profissional dos indivíduos que emprega, incutir neles o pensamento crítico e permitir a diversidade, servindo de exemplo para toda a sociedade. Nesse contexto, a religião, embora não seja um fator intrínseco às organizações, deve ser consentida se contribuir de forma positiva para a realização pessoal de seus colaboradores.

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SAIBA MAIS...

Recicloteca

Desde 1993, a AmBev, empresa do ramo de bebidas, mantém na cidade do Rio de Janeiro a Recicloteca, um centro de informações e estudos sobre reciclagem e meio ambiente. O objetivo é despertar o interesse para pesquisas nas áreas de ecologia, coleta e reaproveitamento de lixo e tecnologia para o processamento e destinação de resíduos.

O lugar conta com aproximadamente 6 mil jornais, livros, vídeos, folhetos e cartilhas e atende cerca de 5 mil estudantes, pesquisadores, associações e órgãos ambientais por ano. Na instituição são oferecidos cursos e oficinas que visam ao reaproveitamento de plásticos, metais, madeiras, papéis e outros resíduos que iriam para a lixeira, para que uma fonte de renda seja gerada para artesãos. A Recicloteca também promove, desde 2001, exposições permanentes de arte, design e moda com material reciclado.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986