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O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negociou a antecipação para quarta-feira de seu depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), marcado inicialmente para o dia 22. A antecipação foi confirmada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Palocci, que antecipou sua volta do feriadão e passa o dia em sua residência em Brasília, falará às 15h. Além de discutir o depoimento com assessores, Palocci deve conversar ainda nesta terça-feira também com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidiu jogar todas as fichas no depoimento do ministro.

Após falar ao telefone com Palocci na segunda-feira, Lula ficou convencido de que o ministro irá rebater as acusações e esclarecer todos os fatos que surgiram contra ele nas últimas semanas.

Lula se reuniu na segunda-feira com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e passou o dia em encontros fechados com assessores e ministros analisando a crise envolvendo Palocci. Assessores diretos afirmaram que o presidente está "sendo convencido" de que a situação precisa ter um limite. Ou seja: se aparecer uma denúncia mais grave envolvendo Palocci, Lula pode rever sua posição. A avaliação no Planalto é que a situação está cada vez mais difícil e que o limite é o não-comprometimento da economia.

Assessores do governo foram unânimes em afirmar que apenas um desempenho sofrível no Senado ou o surgimento de novos fatos graves tirariam Palocci do governo. O próprio ministro passou os últimos dias trabalhando nos bastidores em busca de apoio. A queda-de-braço com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre a condução da política econômica, serviu como termômetro de sua força no governo. Palocci recebeu solidariedade interna e estaria querendo demonstrações públicas de apoio, inclusive de Lula. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foi um dos que saiu em defesa do ministro.

- O ministro tem conduzido a economia com os êxitos que todos conhecem e com as deficiências que também são conhecidas. A ambição dos partidos não pode ficar acima dos interesses nacionais. Os interesses do Brasil, do povo, devem estar acima das ambições partidárias, por mais legítimas que sejam. O país é uma democracia, a disputa é legítima, mas a ambição dos partidos não pode superar isso - disse Aldo.

No núcleo do governo a avaliação é de que a saída do ministro deixaria exposto o presidente. Com a queda do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, Palocci funcionaria como uma espécie de última barreira de proteção a Lula. O próprio presidente passou a mandar recados para a oposição de que é preciso um limite para a crise. Caso contrário, o PT poderá sangrar ainda mais. Lula chegou a usar a expressão hemorragia. Mas em compensação, o presidente advertiu que o PSDB também iria sangrar.

- Não adianta o Planalto ameaçar a oposição. O que não pode é Palocci permanecer no cargo com todas essas suspeitas - reagiu o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).

Já o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse ontem que há um movimento de desestabilização de Palocci que parte da base do governo. Segundo ele, um grupo de petistas, tendo à frente Dilma, aproveita a crise para desestabilizar a área econômica e dar um tom populista ao governo.

- Está claro nas críticas da chefe da Casa Civil, que segmentos do governo petista querem implantar o populismo, numa tentativa desesperada de devolver a Lula alguma chance nas eleições do próximo ano - diz Aleluia.

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