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Quem pensa em cursar mestrado, doutorado, MBA ou especialização para obter retorno financeiro pode começar a fazer cálculos. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que os salários dos profissionais brasileiros que fizeram alguma pós-graduação são em média 66% mais altos do que os dos que só têm o diploma de graduação.

Para o chefe do Centro de Políticas Sociais da instituição, Marcelo Neri, responsável pela pesquisa, a taxa é alta e reflete a influência da hierarquia educacional no mercado. "É difícil imaginar investimentos público ou privado que dêem uma taxa de retorno tão elevada. Geralmente, quem estudou mais e adquiriu mais experiência recebe salários melhores e tem maiores chances de conseguir trabalho. Esse prêmio da escolaridade varia conforme as carreiras".

O estudo foi elaborado a partir de dados do censo demográfico de 2000 e considerou 82 níveis de formação.

Administração: diferença média de valores é de 100%

Apesar de medicina apresentar os salários mais altos (R$ 6.705, em média, para quem terminou a graduação, e R$ 8.966 para os pós-graduados); na administração, a diferença entre os níveis de escolaridade é mais significativa. Enquanto os graduados recebem R$ 4.006, quem tem curso de pós-graduação ganha o dobro: R$ 8.012. Em medicina, o percentual diminui (33%) e em engenharia, é de 27%.

Entre as explicações para as diferenças de uma categoria profissional para a outra está o fato de os salários dos graduados em engenharia e medicina serem mais altos do que os da área de administração: quer dizer, para fazer a comparação, já se parte de um patamar maior.

É o caso do engenheiro mecânico Leo Maranhão, de 38 anos, que fez o mestrado de administração no Ibmec. Ele era coordenador de uma área de risco da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e foi promovido a chefe do Departamento de Controle Econômico. A mudança acabou lhe rendendo um aumento salarial de 40%.

Outra peculiaridade da carreira de administração, segundo o pesquisador da FGV, é a tendência de internacionalização das escolas de negócios. "O grande retorno dessa especialização não ocorre somente no Brasil. Identificamos no mundo inteiro que quem estuda numa escola de business (negócios) consegue melhores empregos. É um mercado bastante competitivo, com profissionais mais experientes".

Patrícia Esteves, de 29 anos, está de olho nessa tendência. Ela é formada em jornalismo, mas resolveu apostar no MBA de marketing do Instituto Coppead/UFRJ para crescer na empresa onde trabalha há cinco anos, a Coca-Cola. Desde o fim do curso, em 2002, já mudou de cargo duas vezes.

"Quando entrei na empresa, era especialista de mídia. Depois, virei gerente de produto júnior e, agora, pleno. Recebi um aumento de aproximadamente 45%, incluindo benefícios e carro com despesas pagas", conta Patrícia, que também teve 50% do curso financiado pela Coca-Cola.

As cifras também aumentaram na carteira de trabalho do economista Cristiano Ayres, de 27 anos. Quando fazia o mestrado de economia voltado para finanças no Ibmec, há quatro anos, recebeu uma proposta de emprego do Banco Modal. O salário atual dele já é o dobro do anterior.

"Com certeza o curso pesou na hora da contratação. Entrei como gerente de risco e, hoje, sou diretor", diz Cristiano, que pagou o mestrado com seu próprio dinheiro.

Sistema de bolsa-crédito

Apesar do significativo retorno financeiro dos cursos de pós-graduação, os sistemas de crédito não colaboram com o setor, na opinião do coordenador da pesquisa. Segundo Neri, os investimentos nos profissionais ainda são incipientes. "Devia haver mais ênfase em bolsas-crédito e não tanto em bolsas-doações, para as pessoas fazerem financiamentos".

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