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A produção industrial brasileira caiu 2% de agosto para setembro, acima do previsto, provocando novo debate sobre a adequação do ritmo de corte da taxa de juros estabelecido pelo Banco Central (BC). Segundo o IBGE, na comparação com setembro do ano passado houve crescimento de 0,2%, o menor percentual desde setembro de 2003. O desempenho pior que o esperado fez o setor encerrar terceiro trimestre com o menor crescimento do ano.

No terceiro trimestre, a produção industrial caiu 0,7% na comparação com os três meses anteriores, na série com ajuste sazonal. Na comparação do terceiro trimestre de 2005 com o terceiro trimestre de 2004, a pesquisa mostra que houve avanço de 1,5%. Desde abril, as comparações com as médias de três meses da indústria apontavam estabilidade.

Ainda de acordo com o IBGE, a taxa do acumulado em 12 meses mostrou desaceleração em relação a agosto: caiu de 5,1% para 4,4%.

De janeiro a setembro, a indústria cresceu 3,8%. O mercado financeiro espera um crescimento de 4,17% da produção da no ano, segundo pesquisa do Banco Central com economistas de cerca de cem instituições.

De acordo com Isabella Nunes Pereira, gerente da pesquisa Industrial Mensal, a queda de setembro é resultado de um ajuste mais forte nos estoques do setor.

- A Confederação Nacional da Indústria constantou redução nas vendas por três meses, mas a produção se mantinha estável e, agora, houve queda. Setembro pode ter concentrado um ajuste nos estoques - disse Isabella.

A queda no ritmo de produção, entre agosto e setembro, atingiu 15 dos 23 ramos pesquisados pelo IBGE e três das quatro categorias de uso. Os principais impactos negativos, estão os ramos de fumo (-37,7%), máquinas e equipamentos (-6,0%), refino de petróleo e produção de álcool (-3,8%) e veículos automotores (-2,4%).

Entre os ramos industriais com crescimento, outros produtos químicos (1,9%), metalurgia básica (1,4%) e celulose e papel (1,8%) foram as influências positivas mais relevantes.

Já segundo as categorias de uso, apenas o segmento de bens de capital ampliou a produção nesse período (1,1%), após crescimento expressivo de 3,4% na passagem de julho para agosto. Nas demais categorias as taxas foram negativas: -0,4% para bens intermediários, -8,9% para bens de consumo duráveis e -3,4% para bens de consumo semiduráveis e não duráveis. Com a terceira queda consecutiva, bens de consumo duráveis acumula taxa -17,0% entre junho e setembro.

Roberto Padovani, da Tendências Consultoria, em análise publicada no site "Globo+" argumenta que, "apesar da queda mais forte que o esperado no resultado da produção industrial do terceiro trimestre, que aponta para um PIB entre 2,5% e 3,0% neste ano, o Banco Central dificilmente irá acelerar o ritmo de corte da taxa de juros. Dois argumentos sustentam esta visão. O primeiro é que as condições para uma aceleração do crescimento econômico em 2006 continuam claras. "O segundo argumento relaciona-se à transparência das decisões do Copom. Alterações muito bruscas nos ritmos de corte de juros reduzem a previsibilidade da política monetária, gerando ruídos desnecessários no mercado financeiro".

Ex-diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo acredita que, com a inflação contida e a forte apreciação do real, há espaço para uma queda maior da Selic.

- A economia está mais devagar do que se imaginava. Trabalhamos com Selic no final do ano de 18% ou menos. Acho que deveria ser menos, esses números agora estão corroborando essa avaliação. Não tenho dúvida de que o BC terá que acelerar a queda da taxa de juros - afirmou.

Já o ex-presidente do BC Gustavo Franco acha difícil que a autoridade monetária reaja "violentamente" aos novos indicadores.

- Acho que o BC já tem um plano de vôo. Já cumpriu, vamos dizer, três quartos de sua trajetória e é muito difícil que no fim do caminho o altere.

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