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Zak: quanto maior o clima de confiança, mais dispostos e satisfeitos ficam os profissionais | Cesar Machado/ Gazeta do Povo
Zak: quanto maior o clima de confiança, mais dispostos e satisfeitos ficam os profissionais| Foto: Cesar Machado/ Gazeta do Povo

Orientação

Oito fatores ajudam a estimular a produção do hormônio ocitocina no organismo humano, influindo no ambiente de trabalho e nos resultados das empresas.

Ovation – O elogio público contribui para um aumento de 61% na produção de ocitocina. Reconhecer o desempenho de alguém publicamente é uma atitude recomendada. Seu efeito é potencializado quando o comportamento do gestor é inesperado, tangível e pessoal.

Expectation – A dose certa de estresse, suficiente para motivar a equipe, contribui para um aumento de até 72% de ocitocina. O desafio deve ser compatível com as metas propostas para estimular o alcance de resultados positivos.

Yield – Compartilhar o controle dos projetos, garantindo a orientação à distância, equilibrada com feedbacks constantes, eleva em 57% o nível de ocitocina no organismo.

Transfer – Trata da transferência de conhecimento, estimulando que o profissional use sua expertise em projetos com os quais ele tenha afinidade. Isso ajuda na produção de 54% mais ocitocina. É uma forma de aliar a demanda da produção à qualificação disponível na empresa.

Openness – Empresas que mantêm o fluxo de informação aberto e constante conseguem aumentar a produção de ocitocina em até 63%. Aqui a comunicação é a chave, pois a transparência reduz o estresse na equipe.

Caring – As relações interpessoais devem ser incentivas, de acordo com a neuroeconomia, pois aumentam em 45% a ocitocina no organismo. Identificar e respeitar emoções e sentimento dos colaboradores melhora os níveis de confiança.

Invest – Apostar no crescimento dos profissionais, avaliando os resultados constantemente e levando-os a olhar para o futuro eleva em 49% o nível de ocitocina. Vale também estimular hobbies, voluntariado, entretenimento e o lazer.

Natural – É importante tolerar a imperfeição do outro. Ter a liberdade de trocar experiências e pedir ajuda quando não se é capaz de cumprir uma tarefa ou projeto aumenta a ocitocina em 46%.

A produtividade é uma questão hormonal. Essa é a base da teoria do neuroeconomista norte-americano Paul Zak, que pesquisou os efeitos da ocitocina no organismo humano durante 12 anos. O cientista esteve em Curitiba para a abertura da 13ª Feira de Gestão da FAE, realizada na última semana, em Curitiba.

Zak é fundador do Centro de Estudos em Neuroeconomia da Universidade de Claremont, na Califórnia, e o autor da teoria da Molécula da Moralidade, em que comprova, por meio de testes laboratoriais, os efeitos da ocitocina no ser humano e sua aplicabilidade na gestão de empresas de alta performance.

A ocitocina é o hormônio responsável pela produção do leite materno nas fêmeas de mamíferos. Zak identificou outros efeitos da substância no comportamento social, como a geração da sensação de confiança e empatia com os demais. "Meu objetivo era demonstrar como a reação química afetava as decisões das pessoas e, então, como a conduta poderia ser aplicada em ambientes corporativos", diz.

A partir dos resultados de testes laboratoriais, em que media os níveis de ocitocina em indivíduos submetidos a diferentes condições para estímulo para produção do hormônio, Zak desenvolveu a teoria da Molécula da Moralidade. De acordo com o cientista, quanto maior o clima de confiança e empatia, mais dispostas e satisfeitas as pessoas ficarão. E isso vai tornar o trabalho um local de felicidade, incentivando o engajamento nos diferentes projetos empresariais.

A proposta é desafiadora e exige um bom grau de maturidade dos níveis gerenciais para implantar condutas que estabeleçam a cultura da confiança no dia a dia da empresa. Zak lembra que é preciso envolver e valorizar as pessoas em todo o sistema, que inclui identificar propósitos da organização e definir objetivos claros. "A produtividade depende da cultura da empresa e da personalidade dos indivíduos, em iguais proporções", diz.

Entre as condutas sugeridas, o cientista indica estruturas hierárquicas mais lineares, onde o trabalho em equipe é fundamental. Decisões compartilhadas, tarefas desafiadoras, distribuídas de acordo com o perfil dos envolvidos, são algumas das linhas de ação.

Os resultados, aferidos em empresas que adotaram o sistema como a Zappos, a Herman Miller e a Maritz, nos Estados Unidos, e a Semco, aqui no Brasil, se mostram positivos. Em geral, o nível de estresse – um dos elementos que bloqueia a produção de ocitocina – cai até 70%. As empresas também registraram mais iniciativas inovadoras (22%) e queda de até um terço de dias parados por motivos de saúde.

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