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No mês em que o rádio comemora 83 anos de transmissão analógica no Brasil, as principais emissoras do país começam a testar, a partir da próxima segunda-feira, a difusão digital de sua programação. Na prática, quem tiver um aparelho de rádio habilitado para este tipo de recepção ouvirá, já na próxima semana, rádios AM com qualidade de FM, e FM com qualidade de CD.

A tecnologia será testada por parte das emissoras dos grupos Eldorado, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Sistema Globo de Rádio.

A transmissão digital está imune a interferências de ondas produzidas, por exemplo, pelo motor do carro ou por um liquidificador. Por isso, o som é mais limpo e o número de interrupções é menor. Os novos aparelhos estarão em breve nas lojas, mas ainda por preços salgados.

Embora só a difusão de som seja testada nesse primeiro momento, a nova tecnologia oferece um número irrestrito de aplicações em termos de convergência tecnológica, como a transmissão de textos, imagens e outros serviços multimídia.

No futuro, o motorista-ouvinte poderá receber textos com informações sobre o trânsito, mapas da cidade ou imagens associadas a uma música, por exemplo. Outra possibilidade já em uso nos Estados Unidos, onde a transmissão digital está difundida, são rádios por assinatura. Seis milhões de americanos pagam US$ 12,95 ao mês para escutar algumas das centenas de rádios por assinatura oferecidas nos mesmos moldes de canais de TV a cabo.

Segundo o diretor da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp) Antonio Rosa Neto a tecnologia levará dez anos para se estabelecer no mercado. Ele diz que a transição funcionará como a migração do mercado de celulares analógicos para o de digitais.

- Nada muda para quem tem os aparelhos convencionais. Mas a tecnologia nova já estará disponível para quem tiver interesse - explica.

O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), José Inácio Pizani, diz que a velocidade para a consolidação e o desenvolvimento de novas aplicações da transmissão digital dependerá da demanda dos consumidores.

- A sociedade tem absorvido as inovações tecnológicas rapidamente. O mercado dará o ritmo. O fato é que o Brasil começa a utilizar a tecnologia adequada ao tempo atual - diz.

O gerente técnico do Sistema Globo de Rádio, Marco Túlio Nascimento, destaca as possibilidades de convergência multimídia com a nova tecnologia e diz que no futuro os aparelhos podem ser adaptados para receber texto e imagens com sofisticação. No entanto, ele afirma que o mais importante neste momento inicial é melhorar a qualidade do áudio. No Sistema Globo de Rádio, a difusão digital será testada inicialmente na CBN (FM) de São Paulo e na Rádio Globo (AM) de Minas.

O sistema escolhido pelo empresariado brasileiro, com respaldo do ministro das Comunicações, Hélio Costa, para ser testado por um período de seis meses foi o americano "In Band On Channel" (Iboc, na sigla em inglês). Outra opção seria o sistema do consórcio europeu "Digital Radio Mondiale" (DRM), descartado por não permitir a transmissão dos sistemas analógico e digital para AM e FM ao mesmo tempo.

O Brasil é o quarto país do mundo a testar a tecnologia, atrás apenas dos Estados Unidos, Canadá e México.

Para ouvir a nova transmissão é necessário ter aparelhos habilitados para a recepção digital. Os rádios vendidos atualmente têm características digitais, porém ainda recebem o sinal analogicamente. Os novos ainda estão chegando no mercado. Pizani acredita que eles estarão nas prateleiras nas próximas semanas, custarão entre US$ 300 e US$ 400 inicialmente, e cerca de US$ 150 em dois anos.

O Brasil já produz esses equipamentos, mas, por falta de mercado, até agora só os exportava.

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