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Política da empresa deve ser informada

Uma empresa que deseja monitorar as atividades de um profissional no computador deve avisá-lo, quando ele é contratado ou quando a política é adotada. A opinião é do advogado Eduardo Munhoz da Cunha, da Katzwinkel & Advogados Associados. "Se a empresa já mencionou, o funcionário não pode alegar violação de sigilo, o que geralmente é argumentado nesses casos", explica. Para ele, como o computador e o acesso à internet são fornecidos pela empresa, é óbvio que os recursos estão disponíveis apenas para o trabalho. O diretor da consultoria Chess Human Resources, Alex Gelinski, diz que, avisado ou não, o monitoramento é muito comum nas empresas, principalmente nas grandes. "Teve início assim que a internet começou a se popularizar, mas aumentou de uns quatro anos para cá", relembra. Segundo ele, o objetivo principal é manter a produtividade do funcionário, porque sites como Orkut e YouTube roubam um tempo precioso, mas também há muita preocupação com a segurança da organização. "A última versão de um programa chamado VNC permite, além de monitorar em tempo real a tela do computador, procurar palavras-chave e alertar", acrescenta.

Fiscalização não se restringe ao computador

Além de monitorar o que acontece no computador do funcionário, as empresas também analisam conversas por telefone. "Pela central telefônica podemos entrar na ligação sem que ninguém perceba. Usamos principalmente com o pessoal do call-center, porque precisamos fazer nosso controle de qualidade", esclarece o diretor da IdealSoft, Gustavo Trunci. O diretor da Micro Frequency, Orácio Kuradomi, acrescenta que dá para gravar conversas feitas por VoIP, como o Skype, e todas as informações sobre a ligação. "É possível ver o ramal que ligou e a duração da conversa", exemplifica.

Caro leitor: quando você voltar ao trabalho, tome cuidado. Alguém poderá estar vigiando todos os seus movimentos no trabalho. Preocupadas com segurança, aumento de produtividade e redução de custos, as empresas apelam para programas de monitoramento de atividades em computadores, verdadeiros "Big Brothers". Existe uma oferta enorme de produtos, mas a finalidade é quase sempre a mesma: registrar cada tecla pressionada, cada site visitado na internet, cada e-mail enviado, cada documento impresso e até fazer uma foto da tela do PC. Geralmente a política é transparente, mostrada ao funcionário na hora da contratação, com punições que podem chegar à demissão. Mesmo assim, muita gente ainda navega em sites sem relação alguma com o trabalho bem na hora do expediente.

Gustavo Trunci, diretor da curitibana IdealSoft – que desenvolve programas de computador –, usa o software Radmin para ver o que seus funcionários estão fazendo. "Podemos ver a tela do computador de cada um, os sites acessados, os e-mails. Eles sabem o horário de lazer, quando podem acessar conteúdo pessoal", explica. Para Trunci, a medida é necessária para manter a produtividade e a qualidade do trabalho.

Tão necessária que a IdealSoft incorporou uma ferramenta de controle no seu produto carro-chefe, o Shop Control, um software vendido para lojas. Na versão lançada neste ano existe um comunicador instantâneo, nos moldes do famoso MSN Messenger. Desta forma, os trabalhadores das lojas que usam o Shop Control não precisam se conectar a programas de terceiros – quando encontram amigos, diz o diretor, começam a jogar conversa fora e perdem o foco.

O engenheiro sênior de sistemas para a América Latina da multinacional Websense, Fernando Fontão, lembra que as empresas começaram a sentir problemas do gênero com a popularização da internet. "No começo a preocupação era mais com pornografia, jogos, ou seja, conteúdo distrativo e inadequado", diz. Depois, à medida que a rede evoluiu e seu uso tornou-se obrigatório, as necessidades aumentaram para controle de produtividade e do uso da conexão, já que a navegação desnecessária significa custo desnecessário. Também há o risco de complicações legais, como alguém que acessa um site de pedofilia no trabalho. "Porque a empresa pode ser responsabilizada pelos atos de um funcionário na internet, já que cede o computador e a conexão."

Segurança também ganhou importância. A Websense vende um programa de controle de acesso à rede, que bloqueia sites potencialmente perigosos ou não-permitidos e também agrega serviços de anti-spam e anti-vírus.

O diretor da paulistana EsyWorld, Luis Rogério Moraes, acrescenta que um programa de monitoramento serve para evitar ainda o vazamento de informações estratégicas da companhia. "É só fazer um filtro que procure palavras-chaves. Até anexos de e-mails e arquivos transferidos em redes peer-to-peer [ponto a ponto, de programas como Kazaa e eMule] são analisados", diz. A EsyWorld vende o software Spector, cuja versão completa coleta dados de cada funcionário e gera relatórios de todo o quadro de pessoal. Desta maneira, explica Moraes, é possível descobrir quem usa mais internet, a lista dos dez sites mais visitados ou quem é o campeão de documentos impressos.

Para o diretor da também paulistana Micro Frequency, Orácio Kuradomi, a internet criou um dilema, porque se tornou obrigatória para o trabalho, mas ao mesmo tempo "vicia mais do que café", o que faz o funcionário perder rendimento ou deixar a empresa vulnerável. "Na internet, tudo está ao alcance de um clique. Tem gente capaz de ficar as oito horas do expediente no Orkut", opina. Uma opção é bloquear sites e programas considerados desnecessários para o negócio, mesmo que temporariamente. Sites de bancos ou de comunidades virtuais podem ser liberados em determinados horários. A Micro Frequency produz o gerenciador ÚnicoNet, que tem todas as funções de gerenciamento de internet.

Serviço: IdealSoft – (41) 3013-1161 – www.idealsoft.com.br; Websense – (11) 3443-1483 – www.websense.com; EsyWorld – (11) 3337-6463 – www.esy.com.br; Micro Frequency – (11) 4799-8111 – www.microfrequency.com.br

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