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A história de hoje diz respeito à atitude de alguns profissionais há pouco tempo no mercado de trabalho. Embora não representem a maioria das pessoas, eles possuem uma postura que, se não divulgada e compreendida, pode influenciar outros jovens candidatos a uma vaga.

Lauro ingressou em uma empresa de grande porte após passar por diversas entrevistas, dinâmicas e testes de aptidão. Demorou muito para ser chamado e, no período em que transcorria o processo de seleção, deixou de lado qualquer atividade que não fosse auxiliar, na prática, sua contratação. Quando alcançou seu objetivo, sentiu-se realizado, pois o emprego naquela organização era um sonho antigo, plantado logo após a conclusão da faculdade.

Porém, uma vez na empresa, Lauro deixou-se "relaxar". Cumpria suas funções de maneira metódica, sem exceder as expectativas de seus supervisores. Achava, com sua ingenuidade, que poderia continuar com aquela postura sem ser percebido. O relacionamento com os demais colegas também era ineficiente. Mal conversava com eles sobre assuntos relevantes. Seu principal tema, em discussões no trabalho, era o resultado do futebol. Falava muito sobre sua vida pessoal, mas não se interessava pela dos outros. Não estabeleceu vínculos com ninguém. Achava toda a equipe desinteressante e um pouco medíocre, até.

Também não admirava seus superiores diretos – o que ficava implícito em seus olhares e risinhos displicentes, que não controlava durante as reuniões do setor. Dedicava-se à conclusão dos resultados solicitados e das metas exigidas em cada período. Nisso não era ruim. Sua eficiência era reconhecida e era visto como um funcionário mediano. Por isso, quando houve uma grande reestruturação na empresa, e cortes precisaram ser feitos, Lauro foi desligado junto com outros colegas. Ele, no entanto, não previu que isso aconteceria. De fato, jamais imaginou que seu nome pudesse ser cogitado para uma demissão. Afinal, pensava, "sempre cheguei na hora e jamais faltei um dia sequer!"

Além disso, Lauro sabia que suas funções eram desempenhadas conforme o requerido e, sob seu ponto de vista, tinha um bom relacionamento com os companheiros de trabalho. A demissão não fez sentido para ele, que ficou inconformado por muito tempo. "O pior é não entender o motivo, não saber a razão de ter sido desligado", disse uma vez a um amigo próximo, que tinha a mesma postura de Lauro em relação ao próprio emprego. O amigo, então, sugeriu que a possível causa para o afastamento tinha sido a falta de sensibilidade – ou de "noção". Ele explicou que, antes de Lauro ter optado por ingressar naquela organização, deveria ter avaliado, inclusive, a cultura da empresa.

Relatou, ainda, que o trabalho dele (do amigo) não exigia muito mais do que o cumprimento de metas e, portanto, não era necessário ali se esforçar mais do que o esperado. "Mas tenho a consciência de que falamos de empresas diferentes e de que na organização onde você atuava a atitude é valorizada e o dinamismo, premiado", destacou aquele conselheiro. Naquele momento, Lauro sentiu-se um tolo. Notou que poderia ter evitado a demissão se tivesse sentido o clima da empresa, se tivesse estudado o comportamento dos colegas, dos supervisores. Agora era tarde para perceber que não havia se encaixado nos moldes daquele grupo. Viu-se como um incompetente, um fracassado.

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Muitos jovens saem das faculdades para o mercado de trabalho julgando que o exigido ou o esperado seja, simplesmente, o alcance de metas. Não sabem avaliar que, além dos resultados práticos, uma organização espera uma atitude coerente com sua cultura. Algumas empresas querem maior dinamismo e dedicação. Outras, melhor relacionamento interpessoal e inteligência emocional. Há, ainda, aquelas que procuram colaboradores voltados para a responsabilidade social, com noções de cidadania e solidariedade. Cada grupo possui um direcionamento, valores próprios e bem definidos. Cabe ao profissional entender quais são esses valores antes de se candidatar a uma vaga. Pois, uma vez na empresa, será exigida uma postura compatível com o ambiente. Por isso, analise bem a organização na qual pretende ingressar, visto que seu desempenho dependerá muito da identificação com os princípios dela.

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SAIBA MAIS...

Nova oportunidade A Flexiv, fabricante de móveis para escritórios, desenvolve, desde 2001, um projeto de ressocialização de internos da Colônia Penal Agrícola de Piraquara (PR). A marca mantém um galpão dentro da colônia, onde os presos fazem alguns serviços de marcenaria, como a pintura de peças. Além de aprender um ofício, eles têm a possibilidade de reduzir a pena e recebem um salário e uma cesta básica.

Uma vez por ano, os internos passam por um treinamento de três dias na fábrica da Flexiv, em Pinhais (PR), e visitam as duas lojas que a organização tem em Curitiba. Dois dos presos que participaram do programa dentro da Colônia Penal Agrícola, quando foram soltos, ingressaram no quadro de funcionários da empresa. Para o próximo ano, a idéia é ampliar o projeto, levando para dentro da colônia penal não apenas a pintura, mas a montagem das peças. Além disso, a sobra do material da fábrica é levada para o presídio para que os internos produzam objetos para usarem no dia-a-dia.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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