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Hoje não quero escrever sobre empresas e competitividade. Menos ainda sobre ferramentas, métodos, tecnologias que possibilitam o aumento da produtividade. Quero pensar nos modos de olhar o mundo, os fazeres e as empresas. Um jeito de olhar e pensar as pessoas. Quero pensar no que mobiliza indivíduos para a ação. Nas variáveis instantâneas que instigam a vontade. Na vontade de fazer ou agir. O que nos mobiliza? O que nos motiva a posicionamentos, atitudes, defesa de idéias? Que fatores interferem nessas decisões?

Em diferentes situações de trabalho percebo o quanto o modo de cada um olhar a vida afeta a atitude. Conheci uma pessoa que ao sair de casa pela manhã para o trabalho escolhia como atitude o mau humor. Sim, estranho! Ela saía antevendo o atendimento da secretária que, conforme pensava, era invariavelmente contra tudo que dela partia e isso acabava por prejudicá-la.

Nunca pensou em conversar com essa secretária. Perguntei então, se tinha certeza que as atitudes eram propositais. "Não sei", respondeu-me, "nunca falo com ela". Propus que tentasse conversar, dialogar, fazê-la entender a dinâmica das conseqüências de suas ações. Mas a pessoa, acreditando de fato que a secretária até poderia "não saber" e entendendo que cabia à direção uma orientação, nunca tentou, formal ou informalmente conversar.

O que faz alguém, sequer tentar? O que inibe a aproximação entre duas pessoas que convivem diariamente no mesmo ambiente de trabalho? Por que se escolhe o silêncio, o mau humor, a irritação? Como essa pessoa olha a vida real?

O modo de olhar o mundo, sobretudo as pessoas, faz com que muitas vezes por falta de um gesto, uma palavra ou um breve olhar a distância se estabeleça ao invés da proximidade.

Alguns escolhem "pagar para ver" sabendo que pode ou não funcionar, mas sabem esgotaram seus recursos. Outros, nem cogitam ações ou movimentos para buscar o que podem melhorar no seu cotidiano. É muito mais fácil e cômodo "culpar" o outro, projetar sobre ele a própria falta de vontade, energia, tônus. Culpar o outro por aquilo que se deixa de fazer. Projetar no outro as próprias responsabilidades.

O olhar para a vida pode ser mesquinho, acanhado, premeditado, desconfiado, malicioso, preconceituoso, etc. Também pode ser generoso, autêntico, espontâneo, aberto, amplo, confiante, sincero. No universo da vida, entre perdedores e ganhadores, estes últimos saem ganhando. Olham, olhando.

Maria Christina de Andrade Vieira, empresária, palestrante e escritora, autora de Herança e Cotidiano e Ética: novas crônicas da vida empresarial (2001-2005) (Ambos Ed. Senac-SP).

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