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A publicitária Dana Krasa: mudança para São Paulo por um salário melhor e pela comissão por contrato fechado | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
A publicitária Dana Krasa: mudança para São Paulo por um salário melhor e pela comissão por contrato fechado| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Quando é necessário mudar de trajetória

A publicitária Dana Krasa é um bom exemplo de profissional que não se conformou com um salário abaixo da média. Há 12 anos ela mudou de ramo e entrou para o mercado de modelos. "Foi um momento difícil de adaptação, mas logo eu peguei o jeito", diz. Ela ganhava um valor "bem próximo do mínimo da época" (em torno de R$ 200).

Entre as tarefas atribuídas a Dana estava a negociação de casting com agências de São Paulo. Após pesquisas, a publicitária descobriu uma diferença importante entre o mercado em Curitiba e o da capital paulista. Lá, o agenciador recebia uma comissão de 20% por contrato fechado. Dana consultou a chefia em Curitiba para implementar a mesma cobrança aqui, mas, segundo a empresa, o esquema já havia sido experimentado, sem sucesso. O chefe disse: "Se você conseguir, pode ficar com o dinheiro". Em poucos meses, o salário de Dana aumentou quase cinco vezes.

O problema foi que as atribuições de Dana eram maiores do que o tempo que ela tinha disponível para realizá-las. Como a agência se negava a contratar novos funcionários, Dana passou a destinar parte da comissão para "terceirizar" suas tarefas. "Eu não podia fazer todo o serviço sozinha. Então tive que abrir mão de metade da comissão."

Ela passou então a empreender novos negócios, como parcerias com agências menores, mas considerou os valores que estava ganhando muito baixos. Dana pediu demissão e logo depois foi contratada pela matriz da empresa em São Paulo. "Não foi só a questão do dinheiro, havia outros problemas de gestão, mas [em São Paulo] eu ganhava o fixo, que era o mesmo valor de tudo que eu ganhava aqui, mais a comissão."

Que seu salário poderia ser maior você provavelmente não discorda. Todos, a saber, gostariam de ganhar mais. Mas o seu salário é justo? Mensurar a "justiça" de uma remuneração não é tarefa simples, porque significa contabilizar inúmeras variáveis, muitas delas subjetivas. Vale a pena ganhar menos hoje, mas trabalhar numa empresa com um plano de carreira mais consistente? Ganhar mais e trabalhar mais horas? Ganhar menos e morar numa cidade com melhor qualidade de vida? São muitos os dilemas e a melhor escolha muitas vezes depende das preferências de cada um. Para analistas de recursos humanos e consultores de carreira ouvidos pela Gazeta do Povo, porém, independentemente da área profissional e do plano de carreira que se pretende seguir, é importante saber se a remuneração está de acordo com as práticas de mercado.

No Paraná, por exemplo, o salário mínimo regional é o maior do país. Varia de R$ 605,52 a R$ 629,65, cerca de 32% a mais do que a média nacional. A diferença para mais, porém, não se aplica a todas as profissões, como explica a consultora de carreiras Michelle Thomé: "São Paulo, por exemplo. É o centro cultural e econômico do país. Aparentemente, a educação e o acesso ao conhecimento são melhores. Isso é agregado à imagem do profissional e essa imagem custa caro". Por outro lado, ela diz que é um mito acreditar que os salários em cidades maiores também são maiores. "Dizem que em lugares com o custo de vida mais alto as pessoas ganham mais, mas o que eu tenho visto são pessoas que ganham o mesmo que se ganha por aqui."

Para o coach executivo e de equipes Carlos Cruz, uma das etapas mais importantes na busca por um bom salário é o momento da contratação. Durante a entrevista de emprego, segundo ele, as empresas costumam testar a capacidade do candidato de negociar o quanto quer ganhar e, geralmente, tentarão forçar a quantia para baixo. "Todo mundo fica inseguro na hora de falar de dinheiro. Mas o melhor é dizer qual é a pretensão, deixar a expectativa bem clara. Por isso é importante conhecer a demanda, porque o profissional pode acabar jogando uma oportunidade fora."

Os recrutadores também querem saber, além de quanto o candidato quer ganhar, sua capacidade de produção. Cruz reforça a necessidade de conhecer as tabelas de referência de salários, mas também o que se pode oferecer ao empregador. Para ele, "as pessoas costumavam ganhar como mensalistas, mas isso está mudando nos últimos anos. O que vale agora são os resultados. A empresa tem de ser tratada como um cliente".

EscolhasThiago Moreira Santos, de 20 anos, tomou recentemente uma decisão incomum. Largou um salário melhor, num banco, por um cargo com menor remuneração, mas ligado à sua área de estudo."Quando entrei no banco eu já tinha começado a faculdade de comércio exterior e fiz uma meta para trabalhar na minha área quando chegasse à metade do curso", afirma. Segundo ele, a decisão de ter uma queda na renda agora se justificará com os ganhos no futuro. "Não que o salário não seja importante, mas é uma construção. Vai ser um recomeço. Às vezes é necessário perder para ganhar", justifica.

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