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Quando decide onde vai instalar sua próxima unidade, uma grande companhia do setor de base florestal considera quatro aspectos: disponibilidade de terras ou florestas, produtividade, infra-estrutura e segurança jurídica. Partindo dessa premissa, a consultoria paranaense STCP Engenharia elaborou há três anos um estudo para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e concluiu que o Brasil é o país mais atraente na América do Sul, seguido por Chile, Uruguai e Argentina. Se o investidor usar o mesmo raciocínio para definir que estado brasileiro receberá seu dinheiro, é provável que elimine rapidamente a opção pelo Paraná.

Maior produtor de grãos e destacado plantador de cana-de-açúcar, o estado não conta com grandes extensões de terra para o cultivo de florestas – situação diferente do pampa gaúcho, onde estão se instalando três fábricas de celulose. Outro problema é o preço: por conta da competição com a agricultura, a terra paranaense está entre as mais caras do país.

A produtividade das florestas não é problema no Paraná, mas também não é na maioria dos outros estados. Com clima favorável e alta tecnologia, o pínus e o eucalipto plantados no Brasil têm produtividade muito superior à de outros grandes plantadores. "No Rio Grande do Sul, o rendimento ainda é mais baixo que no Paraná, mas isso pode ser resolvido, sem grande dificuldade, com melhoramento genético", diz Marco Tuoto, gerente de operações da STCP.

Na área da infra-estrutura, o Paraná oferece condições semelhantes às da concorrência. Problema mesmo está na segurança jurídica. "O investidor precisa da garantia de que as leis serão cumpridas. O Paraná costuma erguer obstáculos ambientais, e o governador Requião não esconde seu desprezo pela iniciativa privada", opina um analista de mercado.

Para Miguel Zattar, diretor da Indústrias João José Zattar, uma das maiores madeireiras do estado, ainda persiste um certo preconceito em relação ao cultivo de florestas, visto por alguns setores como monocultura prejudicial ao meio ambiente. O presidente da Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal (Apre), Roberto Gava, lembra que, entre 2004 e 2005, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) suspendeu por mais de seis meses a autorização para plantio de florestas, por questões ambientais que só foram resolvidas na Justiça.

Enquanto isso, diz Zattar, Santa Catarina desenvolve há dez anos pólos florestais baseados no cultivo. Na região de Otacílio Costa, a área plantada com florestas duplicou desde 1997, e hoje chega a 250 mil hectares, cerca de 40% do total cultivado no estado.

História

À margem do atual ciclo de investimentos, o Paraná foi um dos maiores beneficiados por uma lei federal de 1966, que concedeu isenções fiscais ao plantio de florestas. De início, o benefício deu origem a uma série de madeireiras, atraindo na seqüência fábricas de papel e celulose. O incentivo federal acabou no anos 80. Desde então os novos plantios minguaram, e saíram ganhando os estados que criaram programas próprios. (FJ)

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