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Os agricultores paranaenses vão reduzir em 19% a área plantada com trigo no estado. As principais causas são a crise de renda que afeta os produtores de grãos há duas safras e o desânimo dos triticultores, que na colheita passada enfrentaram preços baixos e dificuldades na comercialização do produto.

Segundo previsão do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), deverão ser plantados 1,033 milhão de hectares de trigo, contra 1,276 milhão de hectares da safra anterior. A produção estimada é 2,585 milhões de toneladas, contra 2,768 do ciclo passado.

Até a semana passada, 9% da área estimada no estado já estava semeada, principalmente na Região Norte, onde o cultivo é precoce por causa do clima mais quente. No núcleo da Seab em Londrina, o plantio já superou metade da área prevista. Iniciado em 20 de março, o período de plantio se estende até 20 de julho.

Principal produtor nacional, o Paraná responde por cerca de metade da safra brasileira, este ano estimada em 5 milhões de toneladas. O país continuará importando trigo em grandes volumes em 2006. O consumo nacional está estabilizado em 10,5 milhões de toneladas há alguns anos.

A previsão de queda na área plantada no estado reflete a insatisfação do produtor com a cultura. O preço de mercado da saca de 60 quilos cai ano a ano. Dos quase R$ 30 de 2002, atualmente o produto está em cerca de R$ 19,50 a saca. "Além disso, o trigo é uma cultura que apresenta problemas históricos de liquidez", afirma o agrônomo Otmar Hubner, do Deral.

Na avaliação de Flávio Turra, gerente da área técnica e econômica da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o trigo continuará sendo a melhor opção de safra de inverno no Paraná, apesar dos problemas crônicos. "O milho safrinha, geralmente utilizado como alternativa, também enfrenta preços baixos", afirma Turra.

Segundo ele, uma das preocupações é com o baixo nível de tecnologia utilizado pelos produtores, que estão descapitalizados. Nesta safra, a Ocepar estima que haja uma redução de 20% nos índices de adubação das lavouras –o que já ocorreu na safra de verão. Esse problema deverá reduzir ainda mais a produtividade do trigo.

O pesquisador Luiz Alberto de Campos, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), prevê que o clima deverá favorecer a cultura do trigo sobre o milho safrinha neste ano. A meteorologia prevê a ocorrência do fenômeno La Niña, marcado por temperaturas mais baixas e menor ocorrência de chuvas, neste inverno.

Outra vantagem apontada pelos pesquisadores é que o trigo reduz os custos fixos das culturas de verão em até 15%, segundo estudo promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com boa produção de palha, o trigo também é um forte aliado no combate à erosão do solo.

Estimativa da Ocepar aponta que o Brasil tem potencial para produzir 13 milhões de toneladas anuais de trigo, superando o consumo interno. Na última década, o país gastou US$ 8,5 bilhões com a importação do cereal, principalmente da Argentina.

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