O governo estadual oficializou ontem a renovação dos incentivos fiscais para o setor de informática no Paraná. O novo decreto, assinado pelo governador Roberto Requião durante a reunião semanal do secretariado, reedita benefícios que vinham sendo oferecidos pelo estado desde 2001, mas que foram considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro do ano passado.

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"Homologamos os procedimentos para alteração da legislação na Assembléia Legislativa e estamos reestabelecendo os mesmos incentivos que havia antes", disse o secretário da Fazenda do Paraná, Heron Arzua. Pelo decreto, fica mantida a carga tributária de 7% para operações internas e interestaduais com produtos de informática, automação e telecomunicações. "As poucas alterações que foram feitas contemplam um ou outro produto novo, que não estavam incluídos na lei anterior porque a informática evolui muito rápido", explicou Arzua.

O novo decreto promove alterações na redação do regulamento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do Paraná, lembrando que os mesmos incentivos constam na legislação de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. A medida atinge pelo menos 200 pequenas e médias fábricas do Paraná, reunidas no Arranjo Produtivo Local (APL) de software e tecnologia de informação, além de grandes empresas com unidades no estado, como Positivo Informática, Siemens e Bematech.

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A publicação de um novo decreto sobre o mesmo tema é uma manobra semelhante à adotada por São Paulo no início do ano, afirmou o secretário. "Eles não aguardaram o julgamento do STF, revogaram a lei antes de ela ser declarada inconstitucional e depois voltaram com os incentivos por meio de um novo decreto. Nós só estamos dando às empresas do Paraná condições de competir", justificou Arzua, ao confirmar que a medida serve pelo menos para ganhar tempo, pois uma nova ação de inconstitucionalidade levaria quase cinco anos para ser julgada.

Para os empresários do setor, a renovação da lei de incentivos é um alívio. "É fundamental para continuarmos competindo em igualdade de condições com os outros estados. Nosso temor agora é que a Assembléia derrube o veto do governador à cobrança retroativa do desconto considerado inconstitucional", diz Idel Iankilevich, gerente administrativo da Positivo Informática. O presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia de Informação, Software e Internet (Assespro-PR), Luís Mário Luchetta, tem esperança de que nada mude no futuro. "Esse novo decreto é uma saída para se adequar ao padrão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Acredito que não teremos mais problemas de questionamento dos benefícios."

Incentivos estaduais

A reunião do secretariado foi dedicada à defesa dos incentivos fiscais estaduais. Além dos benefícios de informática, também estão ameaçadas as isenções e descontos de ICMS para micro e pequenas empresas do Paraná. Com a implantação do Supersimples, capítulo da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas que institui um novo regime de tributação, no último domingo, a tabela de ICMS passa a ter um padrão nacional para os pequenos e microempresários.

O governo estadual luta agora para conseguir diferenciar sua carga, a fim de que os empresários não sofram impacto negativo com o novo regime. "Com exceção do Paraná, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, os estados não querem se afastar da tabela nacional. A tese é que tanto se lutou por um sistema simplificado de tributação, que não faz sentido os estados criarem faixas diferenciadas", comenta Arzua. Na semana passada, a Assembléia Legislativa aprovou um projeto de mudança na isenção e descontos de ICMS no Paraná, criando mais faixas de alíquotas. Pelo regime antigo, a tributação era progressiva. "Dividimos em mais faixas, só que os descontos continuam os mesmos", informa o secretário. Os incentivos de ICMS abrangiam cerca de 170 mil empresas no estado.

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