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O tradicional prato feito (PF) está 18% mais caro em relação a julho do ano passado. Nos últimos 12 meses, cinco dos seis alimentos que não podem faltar na mesa do brasileiro – arroz, feijão, carne, alface e tomate – registraram alta de preço. Só a batata, também tradicional, teve baixa. A conclusão é que o custo do PF aumentou 3,7 vezes mais que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mesmo período (4,9%). E como esses itens seguem tendência de alta, deverão fortalecer a inflação neste semestre, dizem os especialistas.

Os aumentos começaram a partir da seca do último verão, que afetou as lavouras de arroz, feijão e soja (ingrediente da ração que influi no preço da carne). O clima de inverno impede a ampliação imediata da oferta. "O aumento dos preços será sentido pela população até outubro", avalia Cid Cordeiro, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR).

"Esses itens terão papel fundamental no cálculo da inflação" dos próximos meses, prevê o coordenador do Disque Economia de Curitiba, Henry Paulo Lira, que monitora os preços nos supermercados da capital. O que agrava a situação é que as cotações das commodities vêm quebrando recordes em todo o mundo nas últimas semanas, encarecendo o custo do óleo de soja, da margarina, do óleo de milho, da ração dos frangos e suínos. Ainda não há avaliações precisas sobre qual será o tamanho dessa onda no bolso do consumidor final.

Frio

De acordo com os dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), os principais vilões são o feijão e o tomate, que registraram altas de 37% e 78%, respectivamente. A razão para a disparada do grão está na menor oferta do produto, que, além da seca, teve área menor no Paraná, maior produtor do país. O tomate sofreu seca no plantio e frio na maturação. "Quanto mais rigoroso o inverno, pior [para o tomate]", explica o economista da Seab Marcelo Garrido.

No caso da carne coxão mole, o aumento de 11% no preço também se deve ao fator clima. O duro inverno prejudicou o desenvolvimento das pastagens. Sem alimento, o gado engordou menos. Muitos pecuaristas tiveram de comprar ração, gasto extra diluído no custo de produção e, posteriormente, repassado ao consumidor. Mesmo quem opta pelo frango paga mais pelo PF. Na comparação com julho de 2011, a carne da ave está 9% mais cara.

Derivados

As cotações da soja e do milho só devem se reequilibrar depois de aferida a dimensão dos estragos da seca que afeta atualmente os Estados Unidos. O país terão o tamanho da safra definido com o avanço da colheita, entre setembro e outubro. Até lá, os reflexos das cotações da Bolsa de Chicago continuarão chegando à mesa do brasileiro.

"A quebra da safra americana é boa para o produtor rural brasileiro. Porém, ruim para o consumidor e para as outras cadeias produtivas que precisam da soja e do milho (frango e suíno)", explica Garrido.

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