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O momento nada propício para se ofertar ações é apontado por analistas e consultores como a principal razão para a GVT, empresa de telecomunicações de Curitiba, ter alterado sua proposta de venda de papéis. A companhia havia anunciado que, além de ações primárias (novas), ofertaria também ações secundárias, pertencentes aos controladores da empresa. Em reunião no fim do mês passado, foi decidido não vender ações secundárias, mantendo somente a oferta de papéis novos.

"As ofertas tiveram que ser freadas por redução do apetite do investidor por esse tipo de papel", afirma Rodrigo Magela, gestor de recursos da ARX Capital Management. "Eles podem ter cancelado porque, apesar de precisar fazer investimentos, não estão dispostos a vender ações num preço baixo", avalia Magela. A "redução no apetite" do investidor é causada, segundo ele, pela volatilidade no mercado financeiro nos últimos 45 dias.

Para Alexandre Garcia, analista do setor de telecomunicações da corretora de valores Ágora Sênior, os acionistas da GVT perceberam que poderiam não alcançar o valor almejado pelos papéis secundários. "O mercado não está receptivo a novas ofertas", diz. Ele avalia também que "o negócio da GVT ainda não começou", porque não teve início o Roadshow – apresentação do prospecto de venda de ações aos investidores para possíveis reservas e definição do preço dos papéis.

"Houve toda a preparação para que a venda ocorresse, e eles parecem não ter intenção de desistir", comenta Christian Majczak, da GO4! consultoria de negócios. Ele acredita que a mudança nos planos da GVT ocorreu por duas razões. Uma delas seria também pelo momento inoportuno no mercado financeiro. "O objetivo de abrir o capital é captar recursos. E porque abrir tanto se eu não vou conseguir o melhor preço pelas ações?", questiona. O outro motivo seria, para o consultor, a constatação, por parte da empresa, de que não há tanta necessidade de se levantar capital frente aos bons resultados que ela vem conseguindo. "Eles podem ter chegado à conclusão de que não era necessário dividir tanto assim o controle da empresa", pondera Majczak.

A GVT passa, de fato, por um período de recuperação. Segundo informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia registrou em 2005 seu primeiro lucro líquido anual, de R$ 124,3 milhões, contra perdas líquidas de R$ 74,43 milhões em 2004. A receita líquida foi de R$ 654,2 milhões no ano passado – 21% maior que no ano anterior.

Dívida

Ainda assim, com a manutenção da oferta primária de ações, a GVT pode estar vendo uma saída para equilibrar sua dívida, que chegou a R$ 1,128 bilhão em março. Uma parte dela (R$ 178 milhões) é de curto prazo, e poderia ser sanada com o dinheiro conseguido com a venda de ações.

Presente no mercado desde 2000, foi só este ano que a GVT decidiu abrir seu capital. O registro de companhia aberta foi pedido no dia 31 de março à CVM e obtido no último dia 9.

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