RIO DE JANEIRO - Em abril a inflação estourou a meta do governo, mas a situação seria ainda pior se a valorização do real em relação ao dólar não segurasse os preços de produtos de alimentos a eletroeletrônicos. Entre os campeões da queda de preços estão as tevês (7,38% mais baratas) e as máquinas fotográficas (7,25% de queda), entre outros eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
Produtos de higiene pessoal e limpeza registraram alta de preços muito inferior aos 6,51% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA): subiram 1,09% e 1,18%, respectivamente. Em geral, beneficiaram-se da queda do dólar produtos que usam insumos e componentes importados, aqueles que sofrem concorrência direta de compras feitas no exterior e itens suscetíveis às cotações internacionais.
A "mãozinha" que o câmbio está dando para conter o surto inflacionário levou o governo a abandonar os esforços do início do ano para combater a valorização do real, reivindicação de empresários preocupados com as exportações. Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, o dólar teve impacto sobretudo em setores que sentem a competição de importados ou usam peças ou matérias-primas feitas no exterior. "Sempre que o dólar cai, esses itens têm queda ou sobem menos do que a inflação", diz. Alguns alimentos seguem a mesma tendência, como pães, massas sob efeito das cotações mais baixas do trigo e azeite e bacalhau, importados.
"Âncora"
Até mesmo a indústria automobilística, que concentra no Brasil a maior parte da montagem e produção de peças, registra queda nos preços de 0,47% no ano, graças à competição dos importados. Os preços não subiram nem com o fim do IPI reduzido, em 2010, nem com as medidas para conter o crédito ao setor neste ano.
Para o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, os bens duráveis têm sido uma das poucas "âncoras" da inflação num cenário de consumo aquecido e alta de alimentos e combustíveis. Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, dólar e preços baixos dão impulso ao varejo, sobretudo de eletrodomésticos.
Cunha ressalta, porém, que o Banco Central se vê num dilema cambial: com a alta da inflação e o impacto do dólar baixo nos preços, o BC perdeu margem para combater a valorização do real. O problema é visto por muitos setores como entrave às exportações e estímulo à desindustrialização. Alguns setores já sentem o fenômeno. Segundo o IBGE, a fabricação nacional de eletrodomésticos caiu 8,4% de janeiro a março.
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