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Claudio Costa, de Campo Mourão: prejuízo na seca e com a chuva que atrapalhou a colheita | Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
Claudio Costa, de Campo Mourão: prejuízo na seca e com a chuva que atrapalhou a colheita| Foto: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo

Safra menor faz mercado reagir

A safra de verão 2008/09 do Paraná não vai render tanto quanto poderia, mas quem conseguir colher grãos de qualidade vai receber bons preços na hora de comercializar sua produção. Com oferta reduzida pela quebra da safra sul-americana, o mercado internacional reagiu e carregou para cima as cotações domésticas. Milho e feijão, que no final do ano passado trabalhavam abaixo do preço mínimo da Conab. A saca do cereal, que em dezembro não rendia mais de R$ 15, hoje está cotada a quase R$ 18. O valor mínimo da estatal para o milho é de R$ 16,50 a saca. No caso da leguminosa, que há um mês estava cotada abaixo do preço de garantia da Conab, de R$ 80, hoje oscila entre R$ R$ 104 (carioca) e R$ 140 (preto) no estado.

A preocupação do mercado com a situação da safra da América do Sul fica evidente no comportamento das cotações da soja e do milho na Bolsa de Chicago. No caso da oleaginosa, os contratos que apresentam preços mais elevados são os com vencimento para maio e julho de 2009, que balizam preços para a safra de verão sul-americana. (LG)

A estiagem que castiga o Paraná desde o final de 2008 provoca à economia do estado prejuízos de R$ 2,89 bilhões, decorrentes de uma redução de 5,06 milhões de toneladas na safra de grãos, entre soja e milho e feijão. A quebra já afeta inclusive o Valor Bruto da Produçao Agropecuaria (VBP), que deve ser R$ 1 bilhão menor que a previsão incial para 2009, conforme o secretário da Agricultura Valter Bianchini. Contudo, explica Bianchini, "parte do prejuízo está sendo diluído pela reação dos preços dos grãos, que passaram a subir após as notícias de quebras nas safras brasileira e argentina."

Em dezembro, a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) estimava o VBP paranaense de 2009 em R$ 38,8 bilhões, valor 19% superior ao registrado no ano anterior. A projeção foi calculada com base nas estimativas iniciais de produção de verão, de 21,58 milhões de toneladas, e nos preços praticados na época. Com a estiagem, a previsão de safra foi reduzida em 23,4%, para 16,52 milhões, e as cotações caminharam na contramão. Em pouco menos de um mês, os preços do feijão subiram em média 16%, os do milho 18% e os da soja 22% no estado.

A alta nas cotações ameniza os prejuízos, mas não recupera as perdas. Até porque, mesmo com as chuvas do início do ano, os prejuízos não param de aumentar. No primeiro levantamento, divulgado em 19 de dezembro, a Seab estimava quebra de 3 milhões de toneladas na safra e prejuízos de R$ 1,5 bilhão ao estado. Em menos de um mês, outras 2 milhões de toneladas foram perdidas e os danos financeiros praticamente dobraram, segundo a secretaria.

A Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) prepara um relatório para avaliar as perdas. Os números serão divulgados entre hoje e amanhã, mas a Ocepar adianta que os danos devem ser ainda maiores que os esperados pela Seab. A própria secretaria admite que, a julgar por relatos das principais cooperativas do estado, a quebra deve mesmo ser maioir que os 23,4%. A Cocamar, de Maringá, por exemplo, estima que entre 20% e 25% da produção de soja de seus associados já tenha sido perdida. Na área de atuação da cooperativa, predomina o Arenito Caiuá, solo mais arenoso e que por isso retém menos água e sofre mais com a estiagem.

Seja como for, mesmo que as chuvas voltem a se regularizar no estado e que as lavouras se estabilizem, esta será a maior quebra já registrada pelo Paraná na safra de verão. Nas safras 2004/05 e 2005/06, anos de clima adverso e frustração da produção, o estado perdeu, respectivamente, 3,8 milhões e 3,1 milhões de toneladas de grãos, entre soja, milho e feijão. Neste ano, se continuar tudo como está e os números da Seab se confirmarem, serão mais de 5 milhões de toneladas perdidas.

No feijão e no milho, as perdas já são irreversíveis, afirma a agrônoma Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Margoreth Demarchi. A leguminosa, com quebra de 38,6%, renderá no máximo 375 mil toneladas, conforme o Deral. O cereal teve, até agora, seu potencial produtivo reduzido em 31,5%, para 5,98 milhões de toneladas. Segundo o secretário Bianchini, parte da soja ainda pode se recuperar, pois os danos nas lavouras mais tardias, plantadas entre novembro e dezembro, não foram tão expressivos. Por enquanto, a Seab projeta uma quebra de 17% na produção estadual da oleaginosa, que deve ficar em 10,2 milhões de toneladas.

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