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Aconteceu mais uma vez e, dessa vez, a três dias do segundo turno da eleição. Projeções do presidente da ANP, Haroldo Lima, sobre as reservas do pré-sal provocaram oscilação nos papéis da Petrobras, além de mal-estar e de críticas no mercado de capitais. Reincidente, Lima "vazou" na tarde de quinta, em pleno funcionamento da Bovespa, a informação de que o campo de Libra poderia ter até 16 bilhões de barris – até então, sabia-se que ficava entre 6 bilhões e 12 bilhões. Como se tratava da última semana antes da eleição, analistas esperavam a qualquer momento um anúncio capaz de impulsionar as ações da Petrobras.

No ano passado, com base em estudo da ANP, Lima previu as reservas totais do pré-sal da bacia de Santos em 80 bilhões de barris. Até então, a Petrobras só havia estimado a descoberta de Tupi – de 5 bilhões a 8 bilhões de barris. Na época, ele disse que a estimativa levava em conta apenas a parte concedida nos leilões organizados pela ANP, que corresponde a 42% do pré-sal da bacia de Santos.

Segundo ele, haveria a possibilidade de que os campos desconhecidos, na área sem concessão, ul­­trapassassem 100 bilhões de barris, o que colocaria o país entre as quatro maiores reservas de petróleo do mundo.

O diretor-geral da ANP calculou ainda qual seria o valor das reservas, considerando o preço do petróleo a US$ 60 o barril: US$ 3 trilhões. Antes, Lima já havia previsto que as reservas da área de Carioca, no bloco BM-S-9, seriam de 33 bilhões de barris. Citou "fontes oficiosas" – que, mais tarde, se revelaram ser apenas um relatório divulgado por uma publicação especializada em petróleo. Até agora, a Petrobras não divulgou a sua estimativa para essa área. A declaração de Lima teve repercussão negativa dentro do governo e na Petrobras pela falta de embasamento técnico.

Ex-deputado constituinte junto com o presidente Lula, Lima foi indicado pelo PCdoB para o cargo. É engenheiro, mas não atuou na área de petróleo. Como a ANP não é uma empresa de capital aberto e sim uma agência reguladora, não está sujeita à fiscalização da CVM.

Ações da Petrobras caem após anúncio

O anúncio de ontem sobre o poço de Libra causou impacto negativo sobre as ações da Petrobras ontem. Apesar do potencial de exploração da região, o mercado já havia precificado a descoberta nas ações da companhia. Por isso, após a divulgação da ANP, a ação da Petrobras apresentou desaceleração. Ontem, a ação ordinária caiu 0,87% e a preferencial, 1,56%.

Antes do pregão de ontem, no entanto, as ações da Petrobras haviam subido por cinco dias consecutivos. Inicialmente, a recomendação de um grande banco estrangeiro foi usada como justificativa para a recuperação desses papéis, mas desde anteontem, pelo menos, já circulavam especulações nas mesas de bancos e corretoras sobre a descoberta de um "megapoço".

Entre os dias 22 e 28, somente a ação preferencial (a mais negociada) teve valorização de quase 10%. "Já havia no mercado um rumor sobre um possível anúncio de uma grande reserva. Se esse rumor não tivesse acontecido, a notícia seria positiva para a Petrobras", afirmou o analista chefe da Banif Corretora, Oswaldo Telles.

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