Ouça este conteúdo
A prévia da inflação de março calculada pelo IPCA-15 teve uma alta de 0,64% de acordo com dados do IBGE divulgados nesta quinta (27). O índice é o maior para o mês desde 2023, quando ficou em 0,69%.
Segundo o instituto, os alimentos e os transportes foram os grupos que mais influenciaram o índice, com altas de 1,09% e 0,92%, respectivamente. Por outro lado, o índice foi menor do que o apurado em fevereiro, quando ficou em 1,23%.
No acumulado de 12 meses, a prévia da inflação soma 5,26%, estourando o teto da meta de 4,5%. Apenas neste ano, o IPCA-15 soma 1,99%.
De acordo com o IBGE, a alimentação fora de casa foi a que mais pressionou este grupo (0,66%), puxada pelo lanche consumido pela população (0,68%). Já em casa, o ovo de galinha (19,44%), o tomate (12,57%) e o café moído (8,53%) pesaram no bolso dos brasileiros.
Já no caso dos transportes, o aumento dos combustíveis (1,88%) foi o que mais influenciou a prévia da inflação neste segmento no mês, com alta nos preços do óleo diesel (2,77%), do etanol (2,17%) e da gasolina (1,83%) e do gás veicular (0,08%).
Também foram verificados aumentos de preços nos grupos de despesas pessoais (0,81%), habitação (0,37%), saúde (0,35%), comunicação (0,32%), vestuário (0,28%), educação (0,07%) e artigos de residência (0,03%).
Regionalmente, o IPCA-15 avançou principalmente em Curitiba (1,12%), Brasília e Porto Alegre (0,78% cada) e Rio de Janeiro (0,63).
Abaixo da expectativa
A expectativa do mercado financeiro era de que o IPCA-15 de março ficaria em torno de 0,70%, o que indica uma "leve desaceleração da inflação". No entanto, segundo o economista Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, os preços continuam subindo em todos os setores.
"Isso aumenta a pressão sobre o Copom, que conforme sinalizou deve continuar com o ciclo de aumento dos juros. Para o consumidor, isso significa crédito mais caro e uma economia mais lenta, na tentativa de segurar a alta dos preços", disse.
A avaliação é semelhante à do economista Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, que prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central "mantenha sua postura de elevação da taxa Selic, possivelmente atingindo 15% ao ano, conforme já sinalizado em reuniões anteriores".
"O problema é que essa política encarece o crédito e freia a economia, afetando diretamente setores como varejo, construção civil e indústria, que podem enfrentar ainda mais dificuldades para receber aportes, fazer investimentos e contratar novos colaboradores", completou Theo Braga, CEO da SME The New Economy.
VEJA TAMBÉM:
- Focus: Previsão de inflação cai para 5,65% e leva PIB e dólar junto em 2025
- Haddad discutirá projeto de isenção do IR em comissão da Câmara no fim de abril
- Efeito Lula: BC aponta aumento do rombo nas contas públicas e do endividamento em 2025
- Dilma renova promessa de megaferrovia que beneficiará a China