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O senado norte-americano propôs este mês elevar em nove vezes a produção local de etanol, passando de 15 bilhões de litros este ano para 136 bilhões em 2022. A mesma legislação deixou de fora o pleito de produtores pelo fim da sobretaxa aplicada ao álcool importado – no caso do Brasil, a taxa é de US$ 0,54 por galão, ou R$ 0,30 por litro. Com isso, aumenta a preocupação brasileira de ver reduzida sua participação nas exportações para os americanos, da ordem de 1,7 bilhão de litros em 2006.

Apesar das restrições, os produtores brasileiros esperam o crescimento do consumo norte-americano de álcool e apostam que a produção dos Estados Unidos não será suficiente para atender à demanda interna.

O agrônomo brasileiro Flávio Lazzari, pesquisador do departamento de Indústria e Ciência do Grão da Universidade do Kansas, nos EUA, é um entusiasta da ampliação de participação do Brasil no mercado americano de etanol. Ele falou sobre alguns aspectos desse mercado à Gazeta do Povo.

Gazeta do Povo – É grande o interesse sobre combustíveis renováveis nos EUA?Flávio Lazzari – Sim, tenho falado sobre o programa de bioenergia brasileiro desde a crise do petróleo, quando se começou a usar lenha para secar grãos, no lugar de óleo, e principalmente sobre o Proálcool, e, mais recentemente, o biodiesel. O programa de álcool brasileiro desperta muito interesse pelo tempo de funcionamento (30 anos), por ter sido testado com altos e baixos, pela grande escala de produção, potencial de crescimento e rendimento do álcool de cana, que é três vezes maior que o do álcool de milho. Me perguntam sobre a rede de usinas no Brasil. Interessa o potencial de geração e distribuição de riquezas, o estímulo ao desenvolvimento e ocupação do país. Eles ficam surpresos em saber que o Brasil está à frente de países desenvolvidos em termos de volume produzido.

O que você tem procurado esclarecer?Que o Brasil será, em breve, ao lado dos EUA, o maior produtor de grãos do mundo. O ex-presidente Bill Clinton esteve aqui na Universidade do Kansas recentemente, e, em sua palestra sobre globalização, disse que a produção agrícola só está aumentando em dois países do mundo: Brasil e Argentina.

A demanda dos EUA por álcool está perto de ser suprida? Nem de perto. Mesmo com fortes incentivos para a produção local de álcool de milho, ela não será suficiente para atender à meta de acrescentar 10% de álcool à gasolina até 2017. Para substituir toda a demanda por álcool e biodiesel seria necessário utilizar 71% de toda a área agrícola deles.

Como você vê as perspectivas de abertura do mercado americano ao álcool brasileiro? Creio que a perspectiva de crescimento do mercado é muito boa. Se conseguirmos reduzir custos e melhorar a eficiência do sistema podemos ser imbatíveis. Já a sobretaxa deve ser mantida. Ela é defendida pelos produtores de grãos.

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