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Setor automotivo foi um dos que registrou pior desempenho na produção industrial do mês de outubro | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Setor automotivo foi um dos que registrou pior desempenho na produção industrial do mês de outubro| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Para CNI, resultados serão negativos

Ao verificar que a atividade industrial continua desaquecida no último trimestre de 2014, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que o setor encerrará o ano com resultados negativos. E, apesar de afirmarem que há previsão de recuperação em 2015, os industriais se preocupam com os impactos do ajuste macroeconômico previsto para o próximo ano.

"Evidentemente que a preocupação maior fica por conta dos impactos do ajuste macroeconômico", disse o gerente de política econômica da confederação, Flávio Castelo Branco.

A CNI acredita que os dados que medem a atividade do setor, como utilização da capacidade instalada, faturamento e horas trabalhadas, terminarão este ano com uma queda em relação a 2013. "Precisamos saber qual a intensidade desse resultado. A recuperação vai ficar para 2015", afirmou.

Castelo Branco não detalhou, entretanto, como a indústria irá se recuperar em 2015, considerando a expectativa de quadro de aperto fiscal.

Contraponto

O economista também ponderou que as muda­nças na política macroeconô­mica trarão benefícios no futuro. "Temos indício de que haverá reversão na política fiscal. A expectativa é que isso, depois, se manifeste num comportamento mais favorável da inflação, o que no futuro se reverterá em estabilidade", disse. Sobre as desonerações, Castelo Branco reconheceu que há "espaço (fiscal) mais reduzido".

A indústria brasileira ficou estagnada na passagem de setembro para outubro. Nem as encomendas para o Natal foram capazes de motivar uma retomada da linha de produção, diante da demanda fraca e dos estoques elevados. No ano, a retração acumulada já está em 3%, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O resultado confirma que a indústria fechará o ano com uma queda ainda maior que a esperada inicialmente", avaliou Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Em outubro, 16 dos 24 setores pesquisados reduziram a produção. Os segmentos farmacêutico e automotivo registraram as perdas mais importantes, mas um avanço na produção de alimentos impediu que o desempenho da indústria fosse mais fraco.

O Iedi espera que a produção termine 2014 com uma queda de 2,6% em relação a 2013. "E o começo de 2015 não vai ser muito diferente. O crescimento ao longo do ano dependerá muito de como a nova equipe econômica conduzirá os ajustes na economia", alertou Souza, para quem a elevação na taxa básica de juros e o corte nos investimentos do governo inibiriam mais os investimentos privados.

Em 2014, a demanda interna menos aquecida contribuiu para a moderação na produção industrial, apontou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. "É um fator importante a ser considerado, seja pelos níveis de inadimplência em patamares elevados, pelo maior comprometimento da renda das famílias, maior restrição na concessão e encarecimento do crédito, ou mercado de trabalho com comportamento mais moderado", enumerou Macedo.

Estoques

Com a demanda mais fraca, os estoques acumulados já estariam sendo suficientes para dar conta das encomendas para as festas de fim de ano. "As evidências apontam no sentido de que o nível de estoques está acima do que é desejado pelas empresas, indicando a necessidade de ajustes na produção no curto prazo", confirmou o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.

A indústria brasileira está operando 6,4% abaixo do pico da série histórica da pesquisa, em junho de 2013. "A recuperação da indústria é um caminho necessário para que a balança comercial retome os superávits vistos na última década", lembrou o economista Everton Carneiro, da RC Consultores.

O resultado da indústria nacional como um todo vem sendo prejudicado, sobretudo, pelo mau desempenho do setor de veículos automotores ao longo do ano. A queda na produção da atividade foi de 16,5% em relação a outubro de 2013, a principal contribuição negativa para a retração de 3,6% no período.

"Há um predomínio bem claro de produtos investigados com queda na produção nessa atividade: 84% aparecem com taxas negativas. Então não é movimento isolado de automóveis ou caminhões que dá esse resultado negativo. É um movimento de perda generalizada", disse Macedo, do IBGE.

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