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Veja um balanço do nível de produção industrial |
Veja um balanço do nível de produção industrial| Foto:

A atividade industrial amargou em dezembro o pior resultado em seis meses. O ambiente de juros altos e de forte concorrência de importados aprofundou a trajetória de queda na produção industrial, que diminuiu 0,7% em dezembro e surpreendeu os analistas do mercado, que apostavam em alta de pelo menos 0,4%.

O saldo do ano foi positivo: a alta acumulada, de 10,5%, foi a maior em 24 anos. No entanto, esse desempenho foi mais influenciado pela fraca base de comparação, já que, em 2009, o setor havia recuado 7,4%.

O resultado de dezembro consolidou a "trajetória descendente" sofrida pela atividade ao longo de 2010, nas palavras do gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo.

Macedo lembrou que o primeiro trimestre, momento de maior atividade em 2010, foi o período em que a indústria ainda se beneficiava da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "As medidas de isenção fiscal ajudaram na elevação mostrada no primeiro trimestre, mas essa alta não se manteve. Houve, claramente, uma redução no ritmo da produção industrial como um todo", disse.

Avaliação

Para o consultor Rogério Souza, do Instituto de Estudos para o Desen­volvimento Industrial (Iedi), o número de dezembro comprova o mau momento da indústria, que, segundo ele, já mostrava sinais de arrefecimento desde abril. "A indústria não está seguindo o bom comportamento que a economia brasileira mostra como um todo, e perde na concorrência com importados. É um cenário preocupante, e que pode prosseguir em 2011."

Com o desempenho de dezembro, o analista da LCA Consultores Thovan Tucakov revisou para baixo sua projeção para a expansão da indústria em 2011, de 4% para 3,5%. Na avaliação dele, o dólar mais fraco, que facilita a entrada de importados, continuará a influenciar o ritmo de atividade este ano.

"Sempre tivemos um bom saldo de importados em bens duráveis, mas eram mais insumos para produção; agora, são produtos completos que são importados", afirmou. "A perspectiva, pelo que podemos perceber até agora, é que isso continue em 2011."

O analista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, também reduziu a estimativa para a produção neste ano, de 5,3% para 2,7%. Ele alertou que o nível de dezembro ainda se posicionou 2,4% abaixo do apurado em setembro de 2008, na fase pré-crise. "Isso é o contrário do que se observa nas vendas do varejo, cujo patamar está 17,5% acima do pré-crise", comentou.

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