Quando a relação entre agência e cliente dura

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Na publicidade, com poucas exceções, as relações são efêmeras. Clientes contratam agências para um ou outro trabalho. Ou então fecham contratos que acabam não sendo renovados em razão de uma infinidade de motivos. No entanto, algumas agências têm conseguido manter relações duradouras.

É o caso da CCZ com a rede de hipermercados Condor. São 15 anos de trabalho conjunto, diz Elaine Munhoz, diretora de Marketing da empresa. "A relação tem tudo para dar certo quando a agência entende o negócio do cliente", afirma. Para Elaine, mudanças frequentes não são saudáveis, pois o profissional que atende a empresa passa a ter acesso a uma série de informações que são estratégicas – não é interessante que elas comecem a se espalhar no mercado. "Nesses processos de transição é muito difícil manter a relação entre as duas partes".

Duração

A troca de gestão no Marketing dos anunciantes, a troca do presidente da empresa e mesmo as mudanças de pessoal nas agências são fatores que costumam ser determinantes para o fim das parcerias, diz Rodrigo Rodrigues, presidente da OpusMúltipla Ideias que Funcionam. Hoje, conta, uma relação de seis anos entre agência e anunciante já pode ser considerada duradoura porque significa que já enfrentou pelo menos uma mudança de comando.

Um dos clientes tradicionais da OpusMúltipla é o Grupo Condor. "Somos atendidos pela Opus desde 2007", diz Denis Bover, gerente de Marketing & Trade Marketing. O trabalho da agência, segundo ele, colabora para o crescimento da empresa.

"Essa relação tem ajudado a construir um posicionamento mercadológico sólido e a garantir a construção de uma marca mais forte e com uma finalidade clara para o trade e o consumidor final".

Bover afirma que uma relação duradoura com a agência depende de o cliente encontrar nela uma oportunidade de agregar valor ao seu negócio por meio de todo o composto de marketing. Ele cita, ainda, a oferta de produtos e serviços de qualidade, o atendimento dos prazos e a confiança entre as partes.

Fidelidade

Um relação direta também contribui para o sucesso da parceria. A Terremoto Propaganda atende a Cabral Motor, concessionária Honda, há sete anos. "Conversamos diretamente com os donos, o que acaba resultando em agilidade e precisão nos trabalhos. Além da proximidade, a sintonia e o respeito mútuo também são fundamentais na manutenção desse relacionamento", diz o diretor de criação da agência, Ricardo Gandolfi.

Case da Disapel mostra longa trajetória na publicidade

Apesar de, em geral, terem curta duração, contratos entre agências de publicidade e empresas que as contratam podem ser bastante longas. Há exemplos de longevidade nas relações aqui no Paraná.

Uma das relações mais duradouras vistas por aqui – ou talvez a mais longa – foi da Elon Garcia Publicidade com a rede de lojas de eletrodomésticos Disapel, empresa que teve a falência decretada em 2000. A parceria começou em 1971, quando Elon Garcia, hoje com 78 anos de idade, abriu sua agência.

Durante 15 dos 29 anos de trabalho conjunto, a Disapel foi a única cliente da Elon Garcia devido ao crescimento constante da rede e da grande demanda de trabalho que ela gerava. Nessa época a Disapel chegou a ter 120 lojas.

Elon Garcia cuidava pessoalmente da conta e foi responsável pela criação de campanhas memoráveis como a do "um beija-flor de entrada", lembra Elon César Isfer Garcia, filho do fundador da agência, que hoje toca o negócio. Ele lembra que na década de 1990 a rede precisava captar recursos e as vendas sem entrada impediam isso.

Um beija-flor

Depois de três meses de trabalho a Disapel e a Elon Garcia aprovaram a campanha que dizia ao consumidor que ele podia parcelar suas compras dando R$ 1 de entrada (a nota de R$ 1 tem um beija-flor). "Meu pai achou um caminho e a campanha funcionou para que a rede captasse recursos".

Atualmente, a agência tem dez clientes em carteira e também são relações longas. A Elon Garcia atende a Tintas Dacar e a Motonda Motos, por exemplo, há 12 anos.