Redes sociais ficaram fora do ar neste domingo. Foto: Pixabay.| Foto:

Um dos jogadores mais bem pagos do mundo, Cristiano Ronaldo fatura muito mais com seu perfil no Instagram do que com o futebol. O atacante português, que conta com 187 milhões de seguidores, ganha R$ 5,9 milhões para cada post patrocinado e é a celebridade que mais lucra na rede social. No último ano, 34 publicações lhe renderam R$ 202 milhões, segundo estudo do Buzz Bingo. Na Juventus, seu clube atual, recebe R$ 140 milhões por ano.

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Personagens famosos que faturam milhões nas redes sociais são apenas as ilhas mais reluzentes de um oceano cheio de microinfluenciadores digitais. Milhões deles não têm status de celebridades, mas, mesmo assim, conseguem lucrar com a própria imagem. Geralmente são considerados microinfluenciadores os perfis Instagram que têm entre 10 mil e 500 mil seguidores.

“O mercado é bastante variado em termos de rendimento. Um microinfluenciador pode faturar de R$ 3 mil a R$ 5 mil”, diz Andreia Mallmann, coordenadora do curso Influência Digital da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). “Já um grande influenciador ou uma agência que opera contas podem chegar a mais de 50 mil por mês”, afirma.

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Profissão microinfluenciador

O publicitário Vinicius França, 32, é o rosto por trás do perfil Sabores de Curitiba, que conta com 46 mil seguidores no Instagram e que, como o nome indica, apresenta opções gastronômicas da capital paranaense. Ele fatura de R$ 3 mil a R$ 6 mil por mês por meio de posts patrocinados na rede social.

A vida de influencer começou por acaso. Durante alguns anos, ele foi sócio de uma empresa de promoção de eventos gastronômicos, o que permitiu que frequentasse muitos restaurantes. Cada visita rendia fotos e vídeos de comida. “Quando vi que o número de seguidores começou a crescer, mudei o nome do perfil e comecei a investir tempo e esforços nisso”, explica França.

O publicitário Vinicius França, 32, tem 46 mil seguidores em seu perfil no Instagram. Foto: Reprodução.

Ao alcançar a marca de 15 mil seguidores começou a ser procurado por donos de restaurantes e pequenos empresários da gastronomia interessados em ganhar visibilidade. Ele cobra R$ 250 a R$ 300 por um post no feed do Instagram. Já os stories – que ficam visíveis apenas 24 horas – saem mais em conta, R$ 150 a R$ 200 cada. Campanhas mais estruturadas, com mais ações, saem mais caro e são negociadas caso a caso.

Nem tudo que ele posta é conteúdo patrocinado. Lançamentos de grandes marcas, por exemplo, despertam sempre o interesse do público e, apesar de não ser retribuído pela publicação, ele não deixa de anunciar a novidade para seus seguidores. “O sucesso não depende somente do número de curtidas, mas do engajamento: quantos comentam, curtem e visualizam, no caso dos stories”, explica.

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Para quem olha de fora, o mundo dos influenciadores parece dourado. E para alguns realmente é: restaurantes chiques, viagens a paraísos terrestres, roupas de grifes. Mas a realidade da grande maioria não difere da rotina de qualquer profissional autônomo que gerencia seus negócios de cabo a rabo: fazer um cronograma semanal das postagens, marcar reuniões com os clientes, realizar o trabalho, monitorar o andamento dos posts e entregar relatórios de resultados.

A profissão exige habilidades comunicativas, o domínio de ferramentas digitais, a capacidade de tirar boas fotos e gravar vídeos de qualidade. Tudo aliado a um estilo próprio que ganhe destaque em um mercado com milhares de concorrentes. Poucos influencers conseguem viver só da profissão, a maioria deles faz do ofício um complemento para a renda.

Tendência

O “boom” de Instagram tem contribuído consideravelmente para aquecer o setor nos últimos anos ao ponto que cursos de formação de influencers se multiplicam em escolas de formação profissional e, também, nas faculdades. Recentemente, a universidade italiana eCampus virou notícia no mundo ao lançar um curso com duração de três anos. A grade curricular conta com aulas de semiótica, informática e psicologia, entre outras.

“O microinfluenciador é uma profissão de tendência. Ele tem menos seguidores, mas garante maior engajamento”, explica Ronaldo Cavalheri, CEO do Centro Europeu, em Curitiba, que em agosto abriu a primeira turma do curso de digital influencers. Com duração de seis meses, as aulas vão desde geração de renda a criatividade e gestão de crise.

A estratégia das empresas que usam microinfluenciadores para as campanhas de marketing é atingir um público especializado. “Ao invés de contratar um grande influenciador, muitas empresas estão dividindo a verba em vários microinfluenciadores que atendem um nicho específico”, explica Cavalheri.

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Estudo do Business Insider Intelligence calcula que o marketing digital vale globalmente U$ 8 bilhões e crescerá exponencialmente até alcançar U$ 15 bilhões em 2022.