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Curitiba – A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) reúne entre suas 700 filiadas exemplos de como, até quando o assunto é importação, determinadas empresas de um mesmo setor podem sair ganhando e outras perdendo, com a queda do dólar. Isso porque o setor reúne tanto fornecedores quanto compradores de matérias-primas. E, a exemplo do que acontece no setor de máquinas e equipamentos, o barateamento dos insumos importados favorece quem os compra, mas pode acabar com a competitividade dos fornecedores nacionais dos mesmos produtos.

"As indústrias que têm contratos de exportação a honrar e passam por dificuldades estão elevando a participação de importados na composição de seus insumos", afirma Humberto Barbato, diretor de relações internacionais da Abinee. "É uma situação que já está prejudicando a indústria nacional de insumos e que tende a se agravar." As indústrias elétricas e eletrônicas devem importar, até o fim do ano, US$ 14,9 bilhões, a maioria em componentes. É mais que o dobro do valor exportado (US$ 7 bilhões), o que neste ano deve elevar em 7% o déficit da balança comercial do setor.

A S&C Electric do Brasil, empresa de porte médio que produz equipamentos para linhas de transmissão e distribuição, foi uma das que nos últimos tempos trocou de fornecedor. "O isolador de porcelana para sistemas elétricos, peça que comprávamos no Brasil, ficou caro em comparação com a peça importada", conta Gilberto Toniolo, diretor industrial da empresa, instalada em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba). Atualmente, cerca de 40% das matérias-primas utilizadas pela fábrica são produzidas fora do país.

A Visum Sistemas Elétricos, de Curitiba, importa de 60% a 70% dos componentes que utiliza. Mas, segundo a analista de importação da empresa, Mariana Pollo Leite, a empresa não chegou a substituir componentes nacionais por importados mais baratos, uma vez que boa parte dos circuitos que produz é feita sob encomenda – e geralmente são os clientes que indicam de onde deve vir cada peça. Mesmo sem trocar fornecedores, a empresa se beneficiou da desvalorização cambial. "O custo de cada componente e o valor do frete, que são cotados em dólar, ficaram mais baratos quanto convertidos para reais."

Outra empresa que utiliza na maioria insumos estrangeiros – cerca de 60% do total – é a Get Global, de Cambé (Norte do Paraná). A indústria fabrica aquecedores eletrônicos para banheiras, geradores a gás e sistemas de rastreamento de veículos. "Mas, como não temos escala e não importamos diretamente, o preço do produto que compramos do distribuidor não caiu na mesma proporção que o dólar", lamenta Carlos Claret, gerente de negócios. "Os distribuidores alegam que antes tinham segurado os preços e que agora estão recuperando a margem que perderam quando o dólar estava mais alto."

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