Rede popular se moderniza e conquista mercado

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Curitiba – Anunciar as promoções em alto-falante, abordar os clientes na calçada ou subir em uma escada para chamar a atenção. Para o empresário Fábio Mirable, sócio e gerente comercial da Sul Center, valia tudo para atrair compradores e convencê-los a entrar na loja, no centro de Curitiba. Mas esse tempo já passou. O mercado de roupas populares cresceu e se modificou desde que sua empresa foi inaugurada, há 12 anos. A antiga propaganda corpo a corpo foi descartada e substituída por ações de marketing planejadas. "O consumidor, mesmo o mais humilde, não quer mais saber de lojão popular com gente gritando na porta", diz o comerciante. "O cliente ficou mais exigente. Popular, agora, só o preço."

Mirable e o sócio João Luiz Giaccio, saíram de São Paulo em 1993 para abrir um empreendimento em Curitiba. Na época se proliferava na cidade o modelo de lojas populares, inspirado nas extintas Casa da Sogra e Enxovais Bem-Rico. "Era um negócio fácil de montar porque não precisava nem de prateleira e cabides, só dos cestões nos quais os cliente mesmo se servia", conta ele, que no início se dividia entre as funções de gerente, vendedor e caixa.

O modelo de loja popular se saturou e, nos últimos cinco anos, a Sul Center teve de se reformular para acompanhar as mudanças do mercado. Enquanto muitos concorrentes fecharam, a loja paranaense cresceu. Hoje a rede tem quatro filiais no Paraná – duas em Curitiba, uma em São José dos Pinhais e uma em Londrina – e duas fora do estado, em Florianópolis (SC) e Pelotas (RS). O grupo faturou R$ 14 milhões em 2004 e espera repetir o desempenho neste ano. "Não temos uma meta de crescimento estabelecida, queremos apenas consolidar nossa marca."

O principal motivo para a expansão da rede, opina Mirable, foi a mudança de concepção. "O cliente quer saber de preço baixo, mas nem por isso abre mão de qualidade e bom atendimento", diz o empresário. O primeiro passo para essa nova fase, segundo ele, foi a criação de uma identidade visual, da fachada às embalagens. "Fizemos uma reestruturação para transformar a Sul Center em uma loja bonita, mais clara e moderna", afirma o comerciante que acaba de investir R$ 600 mil na reforma da loja da Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba.

A marca também passou por mudanças: passou a se chamar Sul Center Fashion. "Existe loja popular que tem a Gisele Bündchen como garota-propaganda, então resolvemos também aliar nosso nome à moda", compara o comerciante, referindo-se à campanha publicitária da rede de lojas C&A. Tal transformação não pesou no bolso do consumidor, garante. Vender produtos com mais qualidade, porém a preço baixo passou a ser o principal desafio. Na Sul Center, ainda é possível comprar uma calça feminina por menos de R$ 20. O segredo, diz ele, está na busca constante de novos fornecedores, fabricantes de produtos "bons e baratos".

As mudanças não se restringem ao visual da loja e dos produtos. A forma de pagamento também se modernizou. A empresa deve lançar um sistema próprio de crediário, com cartão de crédito próprio. O cliente que tiver o cartão poderá parcelar suas compras em até cinco vezes sem juros. O modelo está sendo testado na loja de São José dos Pinhais e será instalado em breve nas outras unidades da rede.