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Fim da escala 6X1

Redução da jornada ameaça 18 milhões de empregos, diz FIEMG

Estudo da FIEMG avalia impacto da PEC da deputada Érica Hilton prevê fim da jornada 6"1. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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A proposta em debate no Congresso Nacional que prevê a redução da jornada de trabalho e o possível fim do regime 6x1 pode causar sérios impactos na economia brasileira, alerta a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).

De autoria da deputada Érica Hilton (PSOL-SP), a PEC propõe a extinção da jornada de trabalho 6x1, na qual os empregados trabalham por seis dias na semana, folgando um, pela jornada de 4x3, com quatro dias trabalhados e três de folga.

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Um estudo inédito apresentado pela entidade nesta terça-feira (16), em Belo Horizonte, estima que até 18 milhões de empregos podem ser extintos caso a medida avance sem um aumento proporcional da produtividade.

Segundo o levantamento, a mudança na legislação trabalhista elevaria significativamente os custos operacionais das empresas, afetando diretamente a competitividade nacional e incentivando a informalidade — que já atinge 38,3% da força de trabalho no Brasil.

A projeção mais crítica indica um impacto negativo de até 16% no Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a uma perda de R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos.

“Antes de discutir a redução da jornada de trabalho, o Brasil precisa enfrentar o seu maior desafio: a baixa produtividade. O trabalhador brasileiro produz, em média, apenas 23% do que um trabalhador dos Estados Unidos. Reduzir o tempo de trabalho sem elevar a produtividade é uma conta que não fecha e coloca em risco milhões de empregos", afirmou o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe.

No cenário hipotético analisado pelo estudo — com redução da carga horária para até 40 horas semanais, sem ganho de produtividade — a massa salarial também sofreria uma queda expressiva, estimada em R$ 480 bilhões.

Mesmo com um aumento de 1% na produtividade, as perdas de empregos ainda poderiam atingir 16 milhões de postos.Além disso, a medida representa um risco maior para pequenos e médios empreendedores. O aumento dos custos tende a ser repassado ao consumidor, pressionando a inflação.

“Imagine um restaurante que funciona com dois garçons. Se a jornada for reduzida, o dono do estabelecimento precisará contratar mais um garçom para manter o funcionamento. Esse custo a mais inevitavelmente será repassado para o preço da comida que chega à mesa do cliente”, exemplificou Roscoe.

Outro ponto de atenção apontado pela FIEMG é o impacto na competitividade internacional. Enquanto países como México, China, Índia e Vietnã mantêm jornadas mais longas e custos menores, o Brasil corre o risco de perder espaço na atração de investimentos e na produção industrial.

A federação defende que a chave para o desenvolvimento do país está em políticas voltadas ao aumento da produtividade, por meio de investimentos em educação, qualificação profissional, inovação e ambiente de negócios.

Para a entidade, medidas que apenas reduzem a jornada, sem considerar esses fatores, podem agravar os problemas já enfrentados pelo mercado de trabalho brasileiro.

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