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O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado ontem pelo governo federal, prevê investimentos de R$ 37,5 bilhões para infra-estrutura dos três estados da Região Sul. Os recursos devem ser aplicados nas áreas de logística (que inclui rodovias, ferrovias, portos, aeroportos), totalizando R$ 4,5 bilhões, e energia (geração e transmissão, combustíveis renováveis, petróleo e gás natural), num total de R$ 18,7 bilhões. Um terceiro montante, R$ 14,3 bilhões, será investido em programas de saneamento, habitação, universalização no atendimento de energia elétrica e revitalização de bacias hidrográficas.

Espera-se que, no Paraná, parte desse recurso seja investido na solução de alguns tradicionais gargalos de logística. É o caso, por exemplo, da ampliação da pista do aeroporto Afonso Pena e do seu terminal de cargas – reivindicações antigas do empresariado, em especial dos exportadores. Também está prevista a melhoria do trecho ferroviário que liga as cidades de Guarapuava e Ponta Grossa – uma parte da ferrovia muito antiga e que exige mudanças na composição dos trens, o que atrasa e encarece as viagens entre o Oeste e o Sudoeste do estado.

O PAC também prevê a construção e recuperação de berços do Porto de Paranaguá, a adequação do contorno leste de Curitiba (na BR-116) e a construção de uma segunda ponte internacional sobre o Rio Paraná. "Começou uma nova caminhada. Em alguns setores, menos do que a gente gostaria, mas sempre com iniciativas positivas em todas as áreas", avaliou o governador do estado, Roberto Requião.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, o pacote atende a apenas uma parte das necessidades do estado. "O plano, de certa forma restrito e tímido, tem a virtude de ser um trabalho técnico e uma importante retormada dos investimentos. Mas o montante precisa ser bem maior." Um estudo da Fiep estima que sejam necessários cerca de R$ 10 bilhões para resolver os problemas de logística do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Rocha Loures acredita que a ferrovia deveria ser repensada totalmente. "O aeroporto também precisa de mais investimentos para se transformar em um centro industrial, uma espécie de porto seco."

O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, acredita que o PAC apenas "tangencia" o agronegócio. "O apoio a setores industriais e a ênfase na infra-estrutura são indispensáveis para permitir que o país volte a crescer", diz. "Mas é insuficiente. Ficamos esperando outras medidas, como a redução tributária generalizada, a baixa dos juros, a contenção das despesas governamentais e mudanças na política cambial, que distorce os preços dos produtos agropecuários e penaliza as exportações."

Construção Civil

Rocha Loures, da Fiep, diz também que o pacote é muito focado no segmento de construção civil e faltam mudanças com relação à queda na taxa de juros e na política cambial. "As medidas ainda não são suficientes para garantir a competitividade que a indústria brasileira precisa."

Já o presidente do Sindicato da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Júlio Araújo Filho, acredita que o foco no setor é justo, já que o crescimento do país depende do incremento da construção civil. "O segmento representa quase 14% do Produto Interno Bruto brasileiro. A sociedade como um todo vai ser beneficiada", diz. "Se as medidas forem aprovadas, temos condições de responder rapidamente e gerar emprego, renda e tributos para o país. Não se trata apenas do mercado imobiliário, mas de saneamento básica e infra-estrutura."

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