| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Expansão

Aves e suínos ganham clientes

A pecuária bovina ainda não conseguiu encontrar uma saída para compensar a perda de espaço no mercado internacional. Mas pode encontrar bons exemplos na suinocultura e na avicultura. Mesmo sendo o alvo principal do embargo russo de junho de 2011, a trajetória da suinocultura prova que é possível superar a perda de um importante cliente. A recente abertura dos mercados asiático e norte-americano pôs o setor novamente na linha de crescimento.

Ainda em fase inicial, as vendas de carne suína do Brasil para China e Estados Unidos prometem alavancar as exportações paranaenses do produto em até 30%. Os chineses podem se tornar os principais clientes em dois anos, conforme os representantes dos produtores de suínos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a cadeia está em recuperação. Em janeiro deste ano, foram embarcadas 37,7 mil toneladas de carne suína, 8,5% mais que no mesmo período do ano passado.

A avicultura também mostrou avanço no volume exportado no primeiro mês deste ano. Segundo levantamento da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), as vendas externas da proteína somaram 328,8 mil toneladas no mês, contra 295,3 mil toneladas em janeiro de 2011 (+11,3%).

Apesar do incremento, para o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, o estado tem condições de abocanhar maior fatia do mercado internacional de carnes. "Vislumbramos chances comerciais no mundo se fizermos de fato os deveres de casa", afirmou. Entre os potenciais clientes do Brasil e do Paraná estão a China, Japão e Estados Unidos. "No caso do Japão, há demanda para as três carnes", ressalta.

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Depois de dez meses tentando reabrir o mercado russo, o Paraná articula nova investida ante Moscou como forma de reanimar a produção de carne bovina. Mas, como as inúmeras missões à Rússia não têm surtido resultado prático, o setor vai, paralelamente, buscar outros destinos para a carne bovina, seguindo o caminho da avicultura e da suinocultura, que retomaram o curso de crescimento. A estratégia é negociar com o mercado asiático, especialmente Japão e China. O plano começou a ser definido ontem em Curitiba, numa reunião entre representantes dos governos federal e estadual e do setor produtivo.

A retomada das exportações estaduais é vista como um fator propulsor à produção local, que ainda é insuficiente inclusive para atender ao consumo interno. O déficit atual é calculado em 40 mil toneladas por ano, conforme a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abasteci­mento (Seab). A produção local é de 310 mil toneladas anuais.

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O declínio da bovinocultura começou em 2005, quando o Paraná enfrentou a crise da aftosa e perdeu o status de área livre da doença sem vacinação, reconquistado três anos depois. Desde 2005, as vendas externas, que geravam entre US$ 80 milhões e US$ 90 milhões por ano, perderam ritmo. O golpe de misericórdia veio em junho do ano passado, quando a Rússia, então principal comprador de carnes do país e do estado, decidiu levantar barreiras à carne brasileira. Os russos absorviam 13,5% da carne bovina exportada pelo Paraná, que em 2010 somou 22,2 mil toneladas. Como agravante, três meses depois da decisão de Moscou, a única planta hábil à exportação restante no estado – a JBS Friboi – fechou sua unidade de Maringá.

Apesar das investidas do governo federal não terem surtido efeito até agora, os representantes da cadeia esperam que a retomada do mercado russo ocorra ainda neste ano. "A tarefa vai exigir muito esforço técnico e político do Brasil, porque os russos não respeitam normas; mas vamos conseguir. Eles não têm por que negar a entrada da nossa carne bovina no país", afirma Péricles Salazar, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne) e da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). "A penalidade foi maior do que merecíamos. O motivo do embargo não é técnico, mas sim político", disse Antônio João Prestes, diretor da Progress, consultoria especializada no mercado russo.

O consenso entre o setor é que a proibição da entrada das carnes de boi, frango e suínos do Brasil estaria ligada à entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Nem mesmo o vice-presidente da República, Michel Temer, conseguiu reverter a posição da Rússia em missões pelo país. Para Prestes, o Brasil fa­­lhou ao deixar de exigir, na OMC, cotas dos mercados europeu e norte-americano como forma de prevenção às decisões russas.

Para ganhar maior espaço do mercado externo, o Paraná precisa fazer uma reforma geral na bovinocultura, que vai da ração animal à melhoria genética. "Precisamos de volume e qualidade da carne", reconheceu o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara. Ele acredita que, mesmo com incentivo do governo estadual, os primeiros resultados práticos da cadeia serão observados no longo prazo. "Temos hoje um animal relativamente velho indo para o abate no Paraná. A nossa meta é reduzir a idade média de abate dos animais de 37 meses para 30 meses nos próximos dez anos."

AftosaSanidade deve avançar em 2013

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Considerada ponto crucial para a conquista de novos mercados, a suspensão da vacinação contra a aftosa volta a ser o foco do governo paranaense daqui para frente. A expectativa é de que o estado alcance status de área livre da aftosa sem vacinação no próximo ano. Para isso, a Secretaria da Agricultura pretende investir na contratação de 350 novos servidores, que atuarão na Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), órgão que deve entrar em funcionamento no mês que vem. "A partir de março, vamos a campo num projeto ousado, que é o ponto de partida para nos livrarmos da aftosa", afirma Norberto Ortigara, secretário da Agricultura.

"Se conseguirmos seguir todos os cronogramas de atividade daqui para a frente, vamos ficar livres da vacinação no ano que vem", avalia o superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná, Daniel Gonçalves.

Além da questão sanitária, Ortigara aposta num plano de desenvolvimento da bovinocultura paranaense. "Vamos focar no pequeno e médio criador de boi. O objetivo é criarmos lotes padrão. Dificilmente uma planta [industrial] vai voltar ao estado se não ver que temos uma oferta regular de animais", disse, referindo-se ao fechamento do JBS Friboi em Maringá.

Na avaliação do governante, o estado tem condições de exportar muito mais carnes, mas antes para isso é preciso investir. "Dinheiro para crédito tem, mas não excluo a possibilidade de comprarmos kits para inseminação de animais ou até animais para fazer monta natural. O governador [Beto Richa] já está consciente desta demanda e está disposto a colocar recursos na atividade", complementou.