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Carlos Tavares, da Renault, e Beto Richa: companhia tem plano de ampliar produção anual para até 350 mil carros | Luc Perenom
Carlos Tavares, da Renault, e Beto Richa: companhia tem plano de ampliar produção anual para até 350 mil carros| Foto: Luc Perenom

Brasil será 2.º maior mercado

O Brasil caminha para se tornar, até o fim do ano, o segundo maior mercado mundial da Renault, atrás apenas da França. Segundo o diretor mundial de operações, Carlos Tavares, regiões fora da Europa Ocidental vêm ganhando espaço nas vendas. "Hoje 45% das nossas vendas são fora dessa região, com tendência de maior crescimento nos próximos anos", disse. Junto com o Brasil, despontam outros emergentes na disputa por investimentos, como China, Rússia e Índia. Para os próximos anos, Tavares prevê para o Brasil um cenário de acirramento da concorrência e redução da concentração do mercado, hoje dominado por Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford. "Nenhum mercado permaneceu por tanto tempo com esse nível de concentração", afirma. Para ele, o que fará diferença entre uma marca e outra no país será o grau de conhecimento do comportamento do consumidor na hora de comprar – segundo ele, o brasileiro tem um apreço especial por novidades –, a qualidade da rede de revendedoras e os serviços agregados a ela, além de fornecedores qualificados e custos competitivos. (CR)

Trabalhador terá pacote recorde

Da Redação

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) comemorou ontem a aprovação, pelos trabalhadores da Renault, de um pacote que, segundo o SMC, constitui "o maior acordo salarial do país". Pelo acordo costurado entre o sindicato e a montadora, os funcionários da empresa terão recebido até 2013 R$ 61,5 mil em abono salarial e Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mais 20,19% de aumento real (acima da inflação do período). Além disso, a tabela de salários também terá aumento.

De acordo com o Departa­mento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), o acordo deve render aos trabalhadores R$ 343 milhões nos próximos dois anos, o maior acordo já fechado em toda a história das negociações salariais no país. Segundo o SMC, "o acordo sela definitivamente como tendência para os próximos anos a nova modalidade de negociação para o país (...) de se fechar pacotões salariais com prazos mais longos". Em maio, a Volkswagen do Paraná firmou acordo que já previa o aumento real deste ano, de 2,5%.

NEGÓCIO FECHADO

Veja os principais pontos do acordo firmado entre Renault e sindicato:

Reajuste salarial

Em 2011, haverá repasse do INPC mais 2,5% de reajuste. Em 2012, o aumento real (acima do INPC) sobe para 3% e, em 2013, para 3,5%.

Abono salarial

O valor será de R$ 5 mil em setembro deste ano. Em 2012, será de R$ 5 mil mais a variação do INPC (a estimativa do Dieese é que essa soma resulte em R$ 5,5 mil). Em 2013, será o valor de 2012 mais o INPC (o que significaria um total de R$ 6 mil, segundo o Dieese).

Participação nos lucros e resultados

A PLR será de R$ 15 mil em 2012 e de R$ 18 mil em 2013, ambos em duas parcelas, para cumprimento de 100% das metas.

Paris - A Renault e o governo do Paraná estão costurando um termo de compromisso que prevê incentivos para a empresa ampliar investimentos no estado. O projeto, que deve ser fechado dentro de dois meses, prevê a ampliação em 75% da produção anual, de 200 mil para perto de 350 mil automóveis, o lançamento de novos mo­­delos e a geração de pelo menos mil novos empregos no complexo industrial da empresa em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba).

As negociações estão adiantadas, e devem ser concluídas em dois meses. O governador Beto Richa se encontrou ontem com o novo diretor de operações da Renault, Carlos Tavares, para tratar do assunto, na sede da empresa, em Boulogne Billancourt, na região de Paris. "As conversas estão caminhando bem", disse Tavares, executivo de origem portuguesa que hoje é o segundo homem mais poderoso da Renault, atrás do presidente Carlos Ghosn.

A empresa, que já trabalha com o terceiro turno de produção na fábrica brasileira, tem planos de elevar de 5% para 8% a sua participação no mercado brasileiro até 2016. Segundo Tavares, o objetivo é conquistar 10% do mercado no médio prazo, contando também com os números da coligada Nissan.

A Renault já anunciou que está investindo R$ 1 bilhão entre 2010 e 2013, mas quer garantir condições e incentivos para assegurar projetos pelo menos até 2016. O novo projeto significaria o equivalente a uma nova fábrica, com investimentos pesados, segundo o governador Beto Richa. "O projeto é grande e queremos que ele venha para o estado. Temos noção da importância dele", disse. Em paralelo, a Nissan, que anunciou recentemente a intenção de construir uma nova fábrica no Brasil, está negociando com o Paraná e outros estados, como Rio de Janeiro, segundo Richa.

Representantes do governo e da empresa vêm se reunindo para discutir as possibilidades de incentivo. Ao que tudo indica, a Renault não está interessada no principal benefício do programa de incentivos Paraná Competitivo, que permite a prorrogação do prazo de pagamento de ICMS por oito anos.

De acordo com o diretor de relações institucionais, Antonio Calcagnotto, a Renault tem interesse na redução da alíquota do ICMS nas importações ou operações interestaduais e melhorias nas condições de operações do Porto de Paranaguá – em 2010 a empresa transferiu parte das importações de veículos para o porto de Vitória (ES) –, com ampliação da área destinada aos automóveis e melhorias de acesso ao terminal. "Queremos redução de ICMS porque precisamos reduzir o custo do produto. A prorrogação do recolhimento melhora o caixa da empresa, que é interessante para empresas que estão se instalando, mas não é o nosso caso", afirma.

A Renault quer garantir condições competitivas com o cenário de maior concorrência, principalmente pelo apetite crescente das chinesas pelo mercado brasileiro. Com o fraco desempenho na Europa e nos Estados Unidos, em função da crise global, a tendência é de que as marcas atuem de forma mais agressiva em mercados aquecidos, como o Brasil.

Segundo Calcagnotto, a guerra fiscal entre os estados se sofisticou e está cada vez mais competitiva. No Rio Grande do Sul, a GM conseguiu amarrar os investimentos a uma redução no ICMS interestadual. No Espírito Santo, as importações pelo porto de Vitória têm desconto no ICMS que pode variar de 6% a 11%.

A jornalista viajou a convite da Renault do Brasil.

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