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Rio – Desemprego em alta, renda em queda. O mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do país (a de Curitiba não entra no levantamento) registrou em julho a maior taxa de desemprego (10,7%) apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 15 meses. Em junho, a taxa havia sido de 10,4%. O rendimento médio real dos trabalhadores caiu 0,7% em julho em relação ao mês anterior, no primeiro recuo após cinco meses consecutivos de expansão.

Para Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de emprego, o mercado de trabalho foi "menos favorável" em julho. "Alguma coisa no mercado de trabalho não vai bem, vamos tentar explicar isso com os resultados das próximas pesquisas", disse. Segundo ele, a variação da taxa em relação a junho "não é estatisticamente significativa", mas completa um período de cinco meses em que o desemprego está "engessado em nível mais elevado do que no ano passado". Em julho de 2005, a taxa foi de 9,4%.

Azeredo ressaltou que a expectativa para o mercado de trabalho em 2006 seria de queda na taxa de desemprego a partir de maio, mas isso não ocorreu. "Há uma maior pressão sobre o mercado, com mais pessoas procurando trabalho, e não são geradas vagas suficientes para absorver (essa pressão)", avalia.

Em julho, o número de pessoas desocupadas cresceu 3,9% em relação a junho, o que significou um acréscimo de 90 mil pessoas procurando trabalho. O número de ocupados cresceu apenas 0,4% no período, com geração de 84 mil vagas, o que levou a "sobra" de 2,43 milhões de desocupados nas seis regiões. Desse modo, o número de desocupados retornou ao nível de julho de 2004. Na comparação com julho do ano passado, o número de desocupados cresceu 17,9% – a maior variação desde outubro de 2003 –, com um acréscimo de 368 mil pessoas procurando emprego. O número de vagas geradas foi superior (413 mil), mas não suficiente para absorção da procura.

Para Giovanna Rocca, economista do Unibanco, os dados de julho "não são alarmantes" e mostram que há mais pessoas considerando que o mercado de trabalho está mais promissor e, por isso, saem em busca de um emprego, mas ao mesmo tempo a criação de vagas não é suficiente para receber todos os interessados. Ela está otimista em relação aos dados dos próximos meses, principalmente porque, historicamente, conforme o final do ano se aproxima, mais vagas são criadas.

Azeredo explicou que o aumento da procura por emprego pode estar relacionado à proximidade das eleições, com a expectativa de geração de vagas, e à queda no rendimento de junho para julho, o que pode ter levado mais pessoas de uma mesma família a procurar trabalho, para ajudar no orçamento doméstico.

Esse é um dos motivos apontados por ele para a queda no número de inativos (sem trabalho e sem procurar emprego) nas seis regiões. Em julho, parte dessa população voltou a procurar uma vaga no mercado de trabalho, pressionando o número de desocupados e a taxa de desemprego. Na comparação com junho, o número de inativos caiu 0,9% em julho, com o retorno de 149 mil pessoas ao mercado em busca de uma vaga.

Azeredo explicou que o recuo na renda em julho em relação a junho foi puxado pela região metropolitana de São Paulo, onde o rendimento médio caiu 2% no período, sob impacto especialmente pelo grupo dos empregados com carteira (-1,1%). Segundo Azeredo, como normalmente o rendimento dos trabalhadores com carteira é maior do que o restante dos grupamentos, se há queda neste indicador, a média é puxada para baixo. Além disso, São Paulo, que responde por cerca de 40% dos ocupados nas seis regiões, tem um peso muito forte na pesquisa.

Apesar da queda na renda ante mês anterior, houve crescimento de 3,4% ante julho de 2005. Em julho deste ano o rendimento ficou em R$ 1.028,50. Azeredo destacou também que a queda ante junho não reverteu a tendência de alta, já que no acumulado de janeiro a julho de 2006, o rendimento médio ficou em R$ 1.018,14, com variação de 4,2% ante igual período do ano passado.

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