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Resgatada pelo governo americano com aporte de US$ 182 bilhões durante a fase aguda da crise financeira mundial, em 2008, a seguradora AIG poderá processar seu salvador. O conselho de administração da AIG se reunirá nesta quarta-feira (8) para avaliar se vai se juntar ao processo aberto em 2011 pelo ex-CEO da empresa, Maurice Greenberg, informa o jornal "New York Times". Na ação, ele alega que a "natureza onerosa" das condições do resgate teria privado os acionistas de "dezenas de bilhões de dólares" e pede compensações de US$ 25 bilhões.

A ação, segundo o jornal americano, é vista com reservas pelos representantes da instituição. Ao mesmo tempo em que o conselho de administração tem o dever de avaliar o interessse dos acionistas num eventual processo, este será certamente encarado pelo governo como mostra de ingratidão. A empresa esteve à beira da falência há quatro anos, devido à exposição aos calotes no setor imobiliário americano, que detonaram a crise.

"Por um lado, do ponto de vista de governança corporativa, parece que eles estão sendo mais cautelosos e cuidadosos", disse Frank Partnoy, ex-banqueiro que agora é um professor de direito e finanças da Escola de Direito da Universidade de San Diego, ao NYT. "Por outro lado, é um tapa na cara do contribuinte e do governo."

A empresa de Greenberg, a Starr International, fará uma apresentação de 45 minutos, seguida de apresentações de advogados do Departamento do Tesouro e do Federal Reserve (o Banco Central americano), que arquitetaram o resgate. Os advogados do ex-CEO argumentam que o governo americano estabeleceu uma taxa de juros "punitiva" de 14% e que lucrou US$ 22 bilhões com a operação, e que a intervenção fere a Quinta Emenda da Constituição americana, na qual está previsto que o governo não poderá tomar bens privados para uso público "sem a justa compensação".

Sob o plano de resgate, o Tesouro americano adquiriu controle de 92% das ações da AIG, e passou a vender lotes dos papéis, ao mesmo tempo em que uma nova direção da empresa - capitaneada pelos executivos Robert Benmosche e Edward Liddy - tomava medidas para reduzir os gastos, como o corte de bônus e venda de ativos. A última fatia do governo na AIG, de 15,9%, foi vendida em 11 de dezembro, e rendeu US$ 7,6 bilhões.

Um juiz federal de Nova York rejeitou o caso, enquanto o tribunal de Washington permitiu que ele prossiga. O Departamento do Tesouro não quis comentar. Um porta-voz do Federal Reserve Bank de Nova York, Jack Gutt, disse que as alegações "não têm mérito." "O corpo de diretores da AIG tinha uma alternativa ao empréstimo do Federal Reserve, e a alternativa era a falência."

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