A crise econômica também atingiu o andar de cima. Donos de jatinhos e helicópteros estão fazendo um pool para compartilhar aeronaves e, assim, gastar menos. A busca por esse tipo de serviço chegou a crescer 15% este ano. Ao pegar carona ou dividir a propriedade da aeronave, é possível economizar até R$ 2 milhões por ano, no cálculo de empresas que gerenciam aeronaves para terceiros.
Há diferentes modelos de compartilhamento. Em geral, é cobrada uma taxa fixa mensal dos clientes – que inclui manutenção, seguro, custo com tripulação –, além de uma taxa por hora de voo. Esta última cobre gastos com combustível, por exemplo. Há ainda um investimento inicial, correspondente à parcela do cliente na aeronave. Ela varia conforme o número de pessoas que compartilham o jato ou o helicóptero. Ao fim do contrato, o cliente vende sua parte para outro interessado.
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Na Avantto, empresa que gerencia aeronaves, um jato Phenom 100, um dos mais populares entre empresários brasileiros, pode ser dividido por até seis pessoas. De cara, o cliente desembolsa US$ 625 mil para ter um sexto da máquina. Com mais R$ 30 mil mensais, lhe são asseguradas 120 horas de voo por ano. E cada vez que ele voa, são mais R$ 3.987.
Somando os gastos apenas com a operação, ou seja, excluindo o investimento inicial, são R$ 838 mil por ano. Uma conta bem salgada para a maior parte dos brasileiros, cuja renda média é de R$ 2.182,10 mensais, segundo a mais recente edição da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE. Mas se comparado ao custo anual que um “endinheirado” teria ao ser o único dono do jato, o esquema de compartilhamento vale a pena. A estimativa da Avantto é de um gasto de R$ 3 milhões por ano para manter o Phenom 100 sozinho.
“Manter um jato é caro e dá trabalho. Por isso, muitas pessoas têm nos procurado para dividir esses custos. É gente que precisa se deslocar com rapidez e não precisa voar necessariamente todos os dias da semana”, diz Rogério Andrade, presidente executivo da Avantto.
A empresa oferece o serviço desde 2010 a partir de quatro bases (São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais). Este ano, a procura cresceu 15% segundo Andrade, que gerencia 60 aeronaves.
A Líder oferece o serviço de compartilhamento apenas para jatos. A diferença é que a empresa é dona das aeronaves. O cliente que contrata o serviço paga uma taxa de adesão, mas não tem a propriedade do avião. São três unidades do modelo Premier 1A, que comporta oito pessoas.
Segundo o diretor de fretamento e gerenciamento de aeronaves da Líder, Heron Nobre, a adesão fica entre US$ 500 mil e US$ 600 mil, que são recuperados depois. A taxa fixa mensal é de R$ 60 mil e o custo por hora voada é de R$ 5 mil.
“O jato executivo é uma ferramenta de negócios. Oferecemos o serviço de compartilhamento há um ano e meio e notamos um aumento na procura mais recentemente”, diz Nobre.
No momento em que buscam as empresas, muitos empresários querem se desfazer de seus jatos. Isso levou a Avantto a inaugurar uma divisão de vendas. Segundo Andrade, como o mercado de aviação executiva está meio de lado no país, a empresa tem vendido os aviões no exterior.
Há cerca de 20 mil jatos executivos em todo o mundo. O auge desse mercado ocorreu em 2008, quando mais de 1.300 foram entregues. Em 2014, a indústria entregou 715. No Brasil, a Anac emitiu 71 registros de aeronaves para aviação executiva. Neste ano, até setembro, foram apenas 30.
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