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São Paulo – O risco Brasil caiu 2,8% ontem e atingiu os 208 pontos, menor nível desde que começou a ser medido pelo banco J.P. Morgan, em abril de 1994.

O risco, que serve como indicador do nível de segurança de se investir no país, avalia os títulos de dívida externa. Quando ele está em 208 pontos, significa que os bônus brasileiros oferecem uma taxa de retorno 2,08 pontos porcentuais acima das pagas pelos treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que são os mais seguros do mundo.

"A queda do risco-país demonstra um aumento da demanda pelos títulos brasileiros", explica Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating. "Ou seja, os investidores estrangeiros estão reavaliando sua estratégia e, aos poucos, voltando a comprar os nossos ativos." Segundo ele, se o cenário externo não piorar e os preços do petróleo não subirem muito, o risco pode romper a barreira dos 200 pontos.

Em maio, quando o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, elevou pela 16.ª vez consecutiva a taxa de juros dos Estados Unidos, para 5% ao ano, os grandes investidores estrangeiros debandaram dos mercados emergentes em busca de maior segurança. O risco Brasil chegou a 289 pontos em 24 de maio, no auge da crise. Em junho, os juros voltaram a ser elevados em 0,25 ponto porcentual, mas a maior parte da fuga já havia ocorrido.

"Ontem, o Fed decidiu manter a taxa em 5,25% e dissipou uma parcela das dúvidas que o mercado financeiro tinha sobre o rumo dos juros, daí os recursos estarem retornando. Pode haver novas altas, porque a instituição manifestou em comunicado preocupação com as pressões inflacionárias", diz Agostini.

Nota-se a parcimônia dos investidores pelo comportamento da Bovespa ontem. Tendo subido até os 38.086 pontos pela manhã, a Bolsa fechou em baixa de 0,92%, aos 37.255 pontos, com giro de R$ 2,449 bilhões.

O dólar comercial teve desvalorização de 0,45%, vendido a R$ 2,168, mesmo com o leilão de compra de divisas realizado pelo Banco Central, com corte a R$ 2,1695. O paralelo caiu 0,82%, para R$ 2,40, e o turismo teve queda de 0,43%, a R$ 2,27.

Avaliação

A melhora do risco Brasil não significa, porém, que o chamado grau de investimento – concedido pelas agências de classificação de risco, significa que o país é seguro para investimentos – vai chegar logo. "O risco-país mede a saúde financeira de curto prazo", afirma Agostini.

"O rating soberano [de cuja escala os níveis mais elevados significam grau de investimento] trata de questões estruturais, como a capacidade de o país honrar suas dívidas, as condições das contas públicas, a inflação, os juros, o crescimento da economia." Na opinião dele, o grau de investimento só deve ser conquistado pelo Brasil em 2008 e 2009.

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