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Cascavel – O preço do trigo atingiu ontem R$ 28,00 a saca de 60 quilos nos balcões das cooperativas localizadas na região de Cascavel. Trata-se do maior valor desde 2003, quando o produto também chegou a R$ 28,00. Mas, naquele período, o dólar valia quase R$ 4,00, enquanto que ontem a moeda americana fechou a R$ 2,15 (comercial). Muitos agricultores estão segurando a produção, esperando uma valorização maior ainda do cereal, que pode romper os R$ 30,00.

A cotação do trigo se iguala à da soja, que valia ontem R$ 28,00 nas cooperativas do Oeste. Isso não acontecia há mais de dez anos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq-USP, o Cepea. A oleaginosa, que acumula alta de 10% neste mês, normalmente lidera as cotações do agronegócio, atingindo até o dobro do valor do trigo.

O gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, disse que o bom momento se deve à questão da oferta e demanda. "O preço está reagindo por conta da escassez do produto no mercado nacional e internacional. Houve quebra, além do Brasil, nas safras da Argentina e da Austrália."

No Brasil, as safras do Rio Grande do Sul e do Paraná prevêem quebras, respectivamente, de 23% e de 12% por conta dos problemas climáticos durante o ciclo da cultura. Os dois estados somam 95% da produção nacional de trigo. Além do fator clima, a redução da área destinada à cultura também propiciou o encolhimento da produção nacional.

De acordo com o último levantamento realizado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), a produção no Paraná deve atingir 1,2 milhão de toneladas contra 2,8 milhões de toneladas no ano passado. Já a área semeada é de 880 mil hectares, enquanto que a safra passada alcançou 1,2 milhão de hectares.

Com a quebra da safra do Paraná e do Rio Grande do Sul, a safra nacional de trigo deve ficar em torno de 2 milhões de toneladas, enquanto que o consumo nacional é de aproximadamente 10 milhões de toneladas por ano.

Em Cascavel, a colheita do trigo está chegando ao fim. Os técnicos do Deral reduziram a projeção de produtividade na região. O levantamento inicial indicava produtividade média de 2.224 quilos por hectare e deve cair para 1.979 quilos por hectare (12%).

"A queda na produtividade está ligada a problemas climáticos. O trigo enfrentou seca no plantio, formação de geada durante floração e excesso de chuvas na colheita", disse José Pértile, do Deral de Cascavel.

Apesar da quebra, muitos produtores rurais estão otimistas. É o caso de Marlon Oldoni, de Cascavel. Ele está segurando boa parte da safra recém colhida. "A nossa expectativa é de que a cotação suba mais ainda."

Para Turra, o momento atual favorece o produtor e desfavorece o consumidor, que já está pagando mais caro pelo pãozinho francês e os derivados de farinha de trigo.

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