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Desembarque de fertilizantes em Paranaguá: descompasso com o exterior | Divulgação
Desembarque de fertilizantes em Paranaguá: descompasso com o exterior| Foto: Divulgação

Destaques

Renault é campeã de exportações

Seis dos dez principais grupos de produtos da pauta paranaense registram alta das exportações neste ano, na comparação com 2009. Entre os destaques estão as vendas de papel e celulose, com avanço de 30% entre janeiro e maio, máquinas e equipamentos (54%), carnes (17%) e, principalmente, veículos e seus componentes, cuja alta chega a 54%. É deste último grupo a empresa que mais exportou no ano, a Renault, com vendas de US$ 345 milhões de janeiro a maio.

Mais espaço

No geral, as exportações de produtos industrializados ganharam espaço na pauta paranaense. Na comparação dos primeiros cinco meses de 2009 e 2010, a fatia deles cresceu de 49% para 52% do total, ao passo que produtos básicos recuaram de 50% para 45%. Essa retração foi provocada principalmente pela queda das vendas de milho e outros cereais (-11%); em compensação, as vendas de soja bateram recorde histórico, somando US$ 1,1 bilhão em cinco meses e colocando cinco cooperativas e tradings no ranking das dez maiores exportadoras do estado.

  • Balança comercial do Paraná, de janeiro a maio de cada ano, em US$ milhões. Confira

O saldo da balança comercial do Paraná é o mais fraco dos últimos oito anos. De janeiro a maio, a diferença entre o que o estado vende ao exterior e o que ele compra de outros países ficou em US$ 535 milhões, valor 60% inferior ao de igual período de 2009 e o pior desde 2002. Determinado pelo explosivo crescimento das importações, esse desempenho reflete o descompasso que existe entre o comportamento da economia brasileira e o de seus principais clientes lá fora.Embora tenham avançado 18% nos cinco primeiros meses do ano, para um total de US$ 5,2 bilhões, as exportações do Paraná demoram mais a superar os traumas da crise internacional: seu atual nível ainda é 15% inferior ao recorde atingido em 2008, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As importações também não alcançam a marca de dois anos atrás – estão 10% abaixo –, mas seu ritmo de crescimento é bem mais veloz, e vem se acelerando. No primeiro trimestre do ano, as compras de importados eram 46% maiores que em igual período de 2009; no acumulado dos primeiros cinco meses, quando as importações somaram US$ 4,7 bilhões, o índice de expansão subiu para 52%. Ou seja, o triplo do registrado pelas exportações.

Apetite da indústria

Os números do MDIC revelam que esse movimento vem sendo alimentado por todas as categorias de produtos. Mas o principal destaque vai para as importações feitas pela indústria, em especial de mercadorias enquadradas como "bens intermediários", usados para a produção de outros produtos, cuja fatia na pauta paranaense passou de 43% para 45% entre 2009 e 2010. A compra de matérias-primas industriais cresceu 50% até maio, para US$ 1,3 bilhão. A importação de "peças e acessórios de equipamentos de transporte" – componentes para veículos, por exemplo – mais que dobrou, atingindo quase US$ 600 milhões.

O apetite da indústria explica por que as compras de determinados itens já atingem recordes históricos, superando até mesmo os números de 2008. É o caso de aparelhos e materiais elétricos (circuitos integrados, interruptores e outros), cujas vendas superam em 42% os volumes de dois anos atrás, e também de componentes eletrônicos. Das 40 maiores importadoras do estado, 10 são compradoras de tais materiais e componentes, com destaque para a Positivo Informática e a Nokia Siemens Networks. Também bateram recordes as compras de plásticos (12%), borrachas (inclusive pneus, com 61% de alta) e até laminados de ferro e aço, cujas importações triplicaram em relação a 2008.

Risco de substituição

Os bens intermediários abastecem uma indústria em franco crescimento. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial paranaense, que de janeiro a abril cresceu 12% sobre o mesmo período do ano passado, já atingiu patamar 1,6% superior ao de setembro de 2008, tido como último mês do pré-crise. No entanto, um avanço tão acentuado das importações levanta a suspeita de que mercadorias do exterior, eventualmente mais baratas por causa do câmbio, possam estar substituindo equivalentes paranaenses ou brasileiras, risco apontado há vários anos por empresários e economistas críticos da valorização do real.

Também crescem a importação de petróleo e derivados (58% a mais que em 2009) e de bens de consumo (54%) – produtos prontos para a venda ao consumidor e que atendem ao constante crescimento do varejo, que, no caso paranaense, foi de 15% no primeiro trimestre, segundo o dado mais recente do IBGE. A categoria com menor crescimento das importações foi a de bens de capital, ou seja, máquinas e equipamentos adquiridos pela indústria para elevar a produtividade – segmento que, ainda assim, registrou considerável avanço de 41% nos primeiros cinco meses do ano.

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