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Represa do Capivari, na região metropolitana de Curitiba, está com 61,5% da capacidade; em agosto de 2009, nível da água na mesma área estava em 65% | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Represa do Capivari, na região metropolitana de Curitiba, está com 61,5% da capacidade; em agosto de 2009, nível da água na mesma área estava em 65%| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

água

Norte Pioneiro tem risco de racionamento

O tempo seco e a falta de chuvas já começaram a comprometer o abastecimento de algumas cidades do Norte do Paraná. Em Londrina, Arapongas e Apucarana, embora os reservatórios estejam num nível considerado tranquilo, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) pede o racionamento de água. A situação pode se agravar nos próximos dias, já que há previsão de chuva somente para o meio da semana que vem.

Existe risco de desabastecimento nas cidades de Conselheiro Mairinck, Ibaiti e Siqueira Campos, todas no Norte Pioneiro, em razão da estiagem. "É importante que a população consuma água de maneira bastante racional, evitando desperdício para que não falte água", afirmou o gerente regional de Santo Antônio da Platina, Gladiston Cotelo.

Chuvas

Sheila Paz, meteorologista do Instituto Meteorológico do Paraná (Simepar), informa que há uma frente fria avançando para o estado. A partir do início da semana que vem, é provável que ocorram chuvas em diversos pontos do Paraná. O Norte do estado, porém, só sentirá os efeitos da frente fria no meio da semana. Apesar disso, o volume de precipitação não deve ser significativo.

"Estamos tendo um bloqueio atmosférico na região. As frentes frias tentam entrar no Sul e não conseguem, sendo forçadas a se desviar para o oceano. É um evento isolado, e à medida que se desconfigurar voltaremos a ter um padrão de chuva normal para o inverno", explica Sheila. No Sul e no Sudoeste do Paraná, os índices pluviométricos em agosto somam apenas a metade do registrado no mesmo mês de 2009. (OT e Fábio Luporini, do Jornal de Londrina)

Hidrelétrica de Itaipu opera normalmente

A Itaipu Binacional – maior hidrelétrica do mundo em produção de energia – operava ontem normalmente e sem qualquer previsão de que a seca que tem atingido boa parte do país possa afetar drasticamente o nível do reservatório e a geração de energia elétrica.

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  • Com menos água nos reservatórios cresce a geração de energia térmica. Veja o gráfico

O inverno seco, acentuado ainda mais nesta última semana, forçou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a quadruplicar a produção de energia termelétrica em relação ao mesmo período do ano passado. Em agosto de 2009, 2,7% da produção nacional de energia era feita por usinas térmicas, consideradas auxiliares da produção hidrelétrica. Neste mês, a participação das térmicas está em 12,1% da geração nacional, ameaçando um aumento na conta de luz a partir dos próximos reajustes a serem autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No Paraná, a Copel tem um reajuste marcado para junho de 2011.

A UEG Araucária, maior térmica sob controle da Copel, operava ontem próximo à capacidade máxima. A preocupação do ONS é que o nível mais baixo dos reservatórios das hidrelétricas e a perspectiva de um verão menos chuvoso por causa do fenômeno climático La Niña possa causar escassez na oferta de energia, embora o risco de apagão seja considerado nulo pelas gestoras do sistema elétrico nacional. "A UEG Araucária já vem sendo acionada há algumas semanas, devido ao cenário energético nacional. Nos últimos meses tivemos chuvas abaixo da média histórica, e nossa térmica é sempre uma das primeiras a ser acionada, devido ao seu custo de produção mais baixo", explica Ana Rita Haj Mussi, gerente do Centro de Operação do Sistema da Copel.

Aumento

A possibilidade de aumento no preço da energia deriva do custo mais alto da energia térmica. Enquanto as hidrelétricas funcionam com um insumo "gratuito" (a água dos rios), as térmicas têm de pagar por cada metro cúbico de gás ou litro de combustível que consomem. Até o fim de junho, a "conta" do acionamento de térmicas em 2010 somava R$ 600 milhões, segundo estimativa da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace).

Como quase todas as regiões do país fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), esses custos são rateados entre todos os consumidores brasileiros. Desta forma, um morador do Sul também pagará pela energia térmica, ainda que a situação hídrica da região seja relativamente confortável. O Subsistema Sul, que inclui o Paraná, é a região brasileira em que o nível dos reservatórios está mais alto, com 84,4% da capacidade disponível. Mesmo assim, houve queda de 3,4% no nível dos reservatórios em relação a agosto do ano passado. Na Bacia do Rio Capivari, o reservatório está com 61,5% da capacidade máxima, ante 65% no mesmo período de 2009. O Nordeste vive situação adversa, com reservatórios a 58% da capacidade, próximos ao nível de risco estipulado pelo governo.

Distribuição

Nivalde José de Castro, coordenador de estudos do setor elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o Sistema Interligado Nacional (SIN) possibilita a troca de energia entre as regiões, minimizando riscos de apagão por causa de secas. "Se houver um problema isolado no Paraná, por exemplo, outros estados repassam a energia necessária para atender àquela demanda", conta.

Castro ressalta que os reajustes para o consumidor residencial ocorrem mais lentamente, devido à regulação do mercado. "Normalmente o mercado livre (grandes indústrias) é bem mais sensível a oscilações de oferta e demanda. Hoje possivelmente a energia está mais cara para o grande consumidor. É uma situação desfavorável para quem está fechando contratos agora", avalia.

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