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Energia é um dos fatores que mantém a inflação pressionada.| Foto: Analogicus/Pixabay

A inflação em alta e as expectativas em relação a 2022 avançando devem fazer com que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promova novo aumento na taxa básica de juro (Selic) nesta quarta. O consenso de mercado é de um aumento de um ponto percentual, elevando-a para 6,25% ao ano, a maior taxa desde julho de 2019, quando estava em 6,5%.

Para médio e longo prazo, a tendência é de novos aumentos, e alguns economistas já preveem que a Selic possa chegar a dois dígitos no ano que vem.

“A inflação desfavorável hoje é resultado das políticas monetária e (principalmente) fiscal excessivamente expansionistas no passado”, diz o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale.

Os últimos números sobre a inflação não se mostraram promissores, O IPCA de agosto fechou em 0,87%, o maior resultado para esse mês desde 2000. No acumulado de 12 meses, os preços subiram 9,68%.

“O dado é preocupante pois os preços estão vindo de vários setores – combustíveis, energia, alimentos, bens industriais e serviços – e os núcleos de inflação se encontram acima do limite superior da meta”, diz o economista Gustavo Sung, da Suno Research.

Não bastasse isso, o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, lembra que uma série de fatores tem impactado negativamente a retomada da economia, desde ruídos políticos até a possibilidade de que uma crise hídrica tenha impacto contracionista sobre a atividade. As projeções para o crescimento da economia brasileira em 2022 caíram de 2% para 1,63% nas últimas quatro semanas.

“O cenário inflacionário continuou se deteriorando e os riscos permanecem elevados. A situação hídrica gera pressão sobre a inflação corrente, via aumentos das contas de luz e, também, sobre a dinâmica de preços do ano que vem, através da inércia resultante de um IPCA mais elevado e do risco de novas medidas que visem à redução do consumo de eletricidade”, apontam economistas do Itaú.

Megale, da XP Investimentos, cita outro fator de atenção: a política fiscal, ou seja, a estratégia do governo para a administração das receitas e despesas públicas. Ele aponta que uma política excessivamente expansionista – e sua consequência sobre a perspectiva da demanda agregada e da taxa de câmbio – torna a batalha ainda mais difícil.

O Itaú ressalta também que as dúvidas sobre a trajetória das contas públicas, em especial no que diz respeito ao cumprimento do teto de gastos em 2022, resultam em uma pressão mais duradoura sobre a taxa de câmbio, que deve ter menos espaço para valorização, mesmo com a trajetória esperada de aumento na taxa básica de juros.

O grande desafio do Copom será o de cumprir a meta da inflação prevista para 2022, que é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima. As projeções começam a se afastar da meta. Segundo o último relatório Focus, divulgado na segunda-feira (20), o ponto médio (mediana) das expectativas para o IPCA no ano que vem chegou a 4,1%, após nove semanas seguidas de alta.

Ajuste mais rápido no juro

O diretor de investimentos do Paraná Banco, André Malucelli, aponta que o BC já sinalizou ao mercado que irá perseguir um reajuste mais rápido da Selic. “Faz parte da sua iniciativa para controlar as expectativas inflacionárias. Diante desse cenário há espaço para mais elevações da Selic ao longo do ano”, diz.

O mercado financeiro já está projetando que a taxa de juro chegue a 8,25% no fim do ano, o que representaria uma alta de um ponto percentual em cada uma das três reuniões restantes de 2021.

Mas já há projeções ainda mais elevadas, como a do banco francês BNP Paribas, que sinaliza para um juro (Selic) de 9% ao fim do ano e de 10% em 2022. “A inflação vem dando uma sequência de surpresas e seu espalhamento preocupa. Há muita pressão para reajuste nos preços”, diz Gustavo Arruda, chefe de pesquisa do banco para a América Latina.

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