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A indústria automotiva esteve entre os setores que registraram a maior baixa nos lucros entre 2010 e 2013 | Nacho Doce/Reuters
A indústria automotiva esteve entre os setores que registraram a maior baixa nos lucros entre 2010 e 2013| Foto: Nacho Doce/Reuters

Em baixa

Mineração e siderurgia tiveram as maiores quedas nos lucros

Enquanto o comércio e agropecuária são "ilhas de prosperidade", subsetores da indústria e aqueles segmentos que sentiram os impactos das políticas públicas, como energia e açúcar e álcool, registraram as maiores quedas nos lucros. Entre 2010 e 2013, o resultado das empresas de mineração caiu 66,8%, seguida pela retração de 58,9% na siderurgia e metalurgia, de 52,1% na indústria de veículos e de 45,9% na indústria de eletroeletrônicos.

"O desabamento do lucro das empresas teve muito pouca coisa a ver com o custo do capital. O que houve foi uma retração muito forte nos resultados operacionais das empresas por causa da queda nas margens", afirma o economista Carlos Antonio Rocca. Ele explica que as empresas não conseguiram repassar a alta de custos para preços.

Pelo menos na indústria, ressalta o pesquisador, há indicações de que um dos fatores de redução de margens foi a alta dos salários reais (descontada a inflação) acima da produtividade do trabalho. Entre 2004 e 2013, o salário médio real da indústria de transformação aumentou 36% e a produtividade do trabalho avançou 14%. A maior parte do crescimento real dos salários (12%) ocorreu a partir de 2010.

As empresas brasileiras estão lucrando menos e, por isso, investindo também cada vez menos. Um estudo recém-concluído ajuda a explicar, a partir dos resultados ruins das empresas, porque o investimento caiu tanto e foi o principal item responsável pelo desempenho fraco do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. De acordo com a pesquisa realizada pelos economistas Carlos Antonio Rocca, diretor do Centro de Estudos do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais e Lauro Modesto Santos Jr., houve uma reviravolta no desempenho das empresas não financeiras nos últimos quatro anos.

Indústrias, redes de comércio e companhias do setor de serviços e agropecuário lucraram menos. Sem lucro, as empresas pouparam menos. Elas ainda poderiam recorrer a empréstimos bancários para investir, caso vissem perspectiva de crescimento na economia brasileira. Mas sem poupança nem horizonte de expansão, elas travaram os investimentos.

Entre 2010 e 2013, a poupança e o investimento despencaram simultaneamente nas contas nacionais, que medem os principais números da economia. No 3º trimestre deste ano, o investimento recuou para o equivalente a 17,4% do PIB, muito abaixo do necessário para puxar o crescimento do país. Foi o pior nível alcançado num terceiro trimestre desde 2002. A poupança doméstica, incluindo recursos do governo, das famílias e das empresas, também desabou: era 17,5% do PIB em 2010 e recuou para 13,6% em 12 meses encerrados em março deste ano.

O estudo de Rocca e Santos Jr. mostra que a maior parte da queda na poupança doméstica entre 2010 e 2013 (de quatro pontos porcentuais) foi provocada pela retração da poupança das empresas não financeiras. Nesse período, as estimativas dos economistas mostram que a poupança das famílias ficou praticamente estável enquanto a poupança do setor público permaneceu negativa.

Derrocada

Para chegar a essa conclusão, os economistas se debruçaram sobre os resultados de 741 empresas, abertas e fechadas, entre 2010 e 2013, excluindo as empresas do Grupo X. E constataram que o lucro desse grupo de empresas – a principal fonte de geração de poupança para financiar o investimento no período – caiu 40,6%.

Sem Vale, Petrobras e Eletrobrás, a tendência de queda do lucro desse grupo de companhias se manteve, porém foi menos intensa. O recuo foi de 23%. Esse grupo de empresas responde por cerca de um terço da geração de riqueza medida pelo PIB.

A queda nos lucros foi generalizada e os dois únicos setores nos quais houve crescimento foram o comércio (43,6%) e a agropecuária (306,9%).

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