Os investidores que aplicam em ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram uma semana que, mesmo não chegando perto da euforia vivida em janeiro, vai deixar saudades. Na quinta-feira, a Bolsa subiu pelo sétimo dia seguido e atingiu seu recorde histórico de fechamento (39.285 pontos). E, mesmo com a queda de 0,91% registrada no dia seguinte, o Ibovespa – índice que mede a variação das 57 ações mais negociadas da bolsa – avançou 2,57% de segunda a sexta-feira.

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Para embolsar a mesma valorização que a Bolsa apresentou nesses cinco dias, quem tem dinheiro aplicado em fundos de renda fixa (que acompanham a taxa Selic, atualmente em 16,5% ao ano) teria que esperar oito semanas. Os mais conservadores, que mantém suas economias na poupança (que está rendendo cerca de 9% ao ano), teriam de ser ainda mais pacientes: tal rendimento só seria alcançado em 103 dias.

A seqüência de altas do Ibovespa começou no dia 29 de março, e só foi interrompida oito pregões depois. O mercado, que andava temeroso em relação à política econômica que seria adotada por Guido Mantega – sucessor de Antônio Palocci no Ministério da Fazenda –, ficou bem mais tranqüilo após as declarações do novo ministro. "O Mantega não era o preferido do mercado, mas deu sinais claros de que daria continuidade ao perfil conservador da gestão do Palocci", explica o diretor da corretora Interfloat, Roberto Lombardi.

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A relativa tranqüilidade das bolsas internacionais também empurrou para cima os preços das principais ações da Bovespa. "Apesar das altas do petróleo e da expectativa em relação aos juros dos Estados Unidos, as bolsas americanas mostraram certa estabilidade, o que se refletiu aqui", comenta Joel Machado, consultor de investimentos da corretora Century.

Entretanto, a dependência da Bovespa em relação ao que se passa em Wall Street também tem seu lado negativo. Na sexta-feira, foram os dados do mercado de trabalho norte-americano – que em março contratou mais do que se esperava – que pressionaram as ações brasileiras. Isso porque, com a economia dos Estados Unidos dando sinais de aquecimento, torna-se mais provável que o banco central norte-americano eleve os juros acima de 5% ao ano – hoje eles estão em 4,75%.

"Nos últimos tempos, o patamar de 5% foi considerado o juro de equilíbrio, que mantém a inflação sob controle e a economia americana crescendo de maneira adequada, em cerca de 3,5% ao ano", diz Rogério Garrido, estrategista da corretora Omar Camargo. Com juros maiores nos Estados Unidos, o dinheiro dos investidores tende a migrar para lá – daí a possibilidade de desvalorizações no Brasil.

Outra razão para o recuo no último dia de negócios da semana foi de ordem mais prática: depois de oito dias na ponta de compra, era esperado que os investidores vendessem algumas ações que se valorizaram no período e embolsassem os lucros.