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A indústria do Paraná completou em dezembro seis meses consecutivos de dificuldades que resultaram em queda na produção de bens – o pior segundo semestre em três anos. Só no último trimestre de 2005, as perdas somaram 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os motivos têm relação com a quebra da safra agrícola – determinada pela falta de chuvas –, com a redução nos preços internacionais das principais commodities agrícolas, como a soja, e com o impasse que envolve a confirmação de um foco de febre aftosa no rebanho bovino do estado. Os segmentos que mais sofreram prejuízos foram os que fabricam máquinas e equipamentos, alimentos, madeira e produtos químicos.

A onda de maus momentos só não atingiu a indústria de veículos automotores, segmento que, por causa das exportações, registrou o melhor desempenho no ano passado. Isso permitiu que, apesar da crise, o índice geral que mede a produção fechasse o ano apontando um tímido crescimento de 0,8%, comparado a 2004. Os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o desempenho paranaense ficou bem abaixo da média nacional, de 3,1%.

Como resultado direto da produção menor, a indústria acusou retração de 1,31% no faturamento anual, segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Os exportadores conseguiram faturar 7,17% a mais que em 2004, o que determinou um aumento de 4,18% no emprego industrial. O economista André Macedo, do IBGE, explica que o aumento de 21% na produção de veículos se deve ao mercado doméstico, impulsionado pela expansão do crédito, e principalmente ao comportamento das exportações, apesar do câmbio desfavorável.

O economista e coordenador do Curso de Ciências Econômicas da Unifae, Gilmar Mendes Lourenço, chama a atenção para o fato de que, até o fim do primeiro semestre do ano passado, o parque fabril do Paraná cresceu 8%, com o segundo melhor dinamismo entre os estados, perdendo apenas para o Amazonas, onde a produção de bens de consumo duráveis impulsionou o setor industrial. "A retração de 5,3% experimentada no segundo semestre, a terceira maior entre os estados pesquisados, jogou no chão a indústria do Paraná, atingida pelo real sobrevalorizado e pelos respingos fitossanitários", observa, referindo-se à crise da aftosa.

Para Mendes Lourenço, o resultado de 2005 só não foi pior devido "ao incremento registrado pelas atividades dos segmentos de veículos automotores, refino de petróleo e álcool e celulose e papel, reflexo da combinação entre alguma recuperação da demanda interna e o cumprimento de contratos de exportação celebrados em tempos de cotação cambial mais favorável ou garantida por seguro".

Máquinas

O presidente da Montana Indústria de Máquinas, de São José dos Pinhais, Gilberto Zancopé, informou que a fábrica de pulverizadores registrou em 2005 queda de 50% na produção e teve que demitir 250 dos 550 funcionários. "Nosso desempenho refletiu o comportamento dos clientes. O agricultor perdeu receitas e paralisou os investimentos. Os números da Anfavea apontam queda de 40% na venda de tratores e de 70% na de colheitadeiras, em relação a 2004." Para 2006, Zancopé prevê a repetição dos números do ano passado, podendo haver uma recuperação somente em 2007.

A Imcopa, que processa 20% da safra de soja do Paraná, não reduziu sua produção em 2005, informa o diretor Luiz Antônio Cavet. Segundo ele, 90% da produção é direcionada à exportação. O segredo da indústria, que faturou no ano passado US$ 650 milhões e processou 1,8 milhão de toneladas de soja, é explorar nichos de mercado, proteger-se contra oscilações de preço e agregar valor agregado a seus produtos.

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