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O transporte escolar está na lista dos serviços que tiveram as maiores quedas nos últimos 12 meses | Priscila Forone/GazetadoPovo/Arquivo
O transporte escolar está na lista dos serviços que tiveram as maiores quedas nos últimos 12 meses| Foto: Priscila Forone/GazetadoPovo/Arquivo

Impacto

Reajuste do salário mínimo gera novo reflexo no setor

Apesar da desaceleração recente, a expectativa é que os serviços continuem a ter no ano que vem uma nova pressão vinda do reajuste do salário mínimo. Pela regra de reajuste, que é o PIB de dois anos antes, acrescido da inflação, o piso nacional terá um reajuste de cerca de 9% em termos nominais.

"Parece claro que o mercado de trabalho, com as demissões na indústria, está mais enfraquecido, e a concorrência nos serviços deve estar aumentando. Mas vamos ter um novo aumento real do salário-mínimo no início de 2015, ou seja, de novo alguma pressão nos custos dos serviço", afirma Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

O economista Luis Otávio Leal, do ABC Brasil, também vê uma desaceleração gradual dos serviços. Ele lembra que, como os serviços mudam de preço com menos frequência que os demais itens da economia, eles dão ao consumidor a sensação não de queda, mas de interrupção na subida. "Para o consumidor, pode ser uma notícia boa e ruim, os preços estão mais baixos, mas a economia está mais fraca. O fim é bom, mas os meios, não. É um movimento natural, já que o que vem sustentando a inflação de serviços é o crescimento da renda e ele vem desacelerando. O comprometimento com dívidas e a desaceleração do mercado de trabalho levam a isso", afirma.

Um das grandes fontes de pressão sobre a inflação, os serviços começam finalmente a dar sinais de trégua. Depois de quatro anos seguidos de aceleração, e momentos em que os preços de alimentação fora de casa, consultas médicas e entretenimento estiveram completamente descolados do ritmo da economia – como em 2011, quando o PBI cresceu 1%, e os preços dos serviços, quase 9% – agora eles mostram os primeiros efeitos da desaceleração da renda, da retração do consumo e do PIB quase estagnado. Neste ano, os preços de serviços ficarão em 8%, pela estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Para o ano que vem, a aposta de é que o movimento continuará, com a alta dos serviços ficando em 7,5%, ou até menos.

INFOGRÁFICO: Veja a evolução da inflação de alguns itens que compõem o IPCA

Nos últimos 12 meses, os serviços subiram 8,28%. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), até novembro, estava em 6,56%. Levantamento do Ibre mostra que não só a inflação dos serviços perdeu fôlego, na média, como também encolheu a parcela desses itens cujos preços subiram mais de 9%. Em meados do ano passado, ápice da alta nos preços de serviços, 70% subiam em ritmo superior ao teto da meta. Agora, 60% estão acima da meta, o menor porcentual desde setembro de 2012.

A sessão de fisioterapia foi um dos serviços que agora sobem menos: chegaram a avançar mais de 12% no início deste ano, no acumulado em 12 meses. Agora sobem 4%.    Limpeza e lubrificação de carro, que, no final de 2013, subia 12%, agora viu essa alta cair à metade.

"Mostra que o ajuste na inflação já começou. Esse processo veio para ficar e é necessário para trazer a inflação mais perto de 4,5% em 2017", afirma Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Ibre.

Segundo Silvia, a Copa do Mundo mascarou a desaceleração dos serviços jogando para cima preços de passagens aéreas e de diárias de hotel, na época do Mundial. De agosto para cá, esse movimento ficou mais evidente. "Essa fraqueza econômica está se traduzindo no mercado de trabalho, no setor de serviços e no consumo das famílias, que há três trimestres vem muito fraco", afirma.

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