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A forte inflação de serviços, que caminha para ultrapassar os 9%, reflete claramente a pressão da demanda provocada pelo aumento da massa real de rendimentos do trabalho. Enquanto o Índice Na­­cional de Preços ao Con­­sumidor Amplo (IPCA) acumulou variação de 6,7% nos últimos 12 meses, os preços dos serviços subiram 8,7% no mesmo período.

Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, esse problema da inflação dos serviços não se resolve no curto prazo. "Ela não cai porque está sempre referenciada ao passado", explica. Por outro lado, a pressão da escassez de mão de obra representa aumento de salários para os trabalhadores e elevação de custos para as empresas. Em setores que não enfrentam concorrência de produtos importados, como é o caso dos serviços e mercado imobiliário, os custos são facilmente repassados adiante. "Seria preciso ter um programa mais longo de desindexação, e isso não se faz na hora em que está ruim", diz o economista.

"Prêmio"

Segundo o consultor Fábio Porto d’Ave, da divisão de engenharia, petróleo e gás da Robert Half, líder mundial em recrutamento especializado, a demanda por profissionais nessas áreas cresceu 120% em 12 meses. "A gente encara o seguinte cenário: candidatos participando de mais de um processo seletivo, e podendo escolher para onde vão, e empresas disputando os mesmos recursos", descreve.

Se há alguns anos o "prêmio" para se fazer uma transição profissional era um aumento de 10% a 20% nos salários, atrelado a um pacote de benefícios, hoje ele chega a superar os 40%. "Hoje sai muito mais caro para a empresa não ter um profissional na posição do que dar um aumento para ele", diz o especialista em recrutamento.

No começo do ano, José Roberto Mendonça de Barros ouviu de um empresário do mercado imobiliário que foi fácil vender em 2010. O mercado estava crescendo tanto que não precisava nem fazer força para comercializar apartamentos. O problema, porém, está sendo entregar os imóveis por causa da escassez de profissionais. "O que todo mundo fez foi uma combinação de atraso, aumento de preço e piora de qualidade", diz o consultor.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plás­­tico (Abiplast), José Ri­­cardo Roriz Coelho, informa que setores como o de tubos e conexões para construção civil e obras de infraestrutura – itens difíceis de importar – estão conseguindo repassar os custos do custo da mão de obra para os preços. Já em setores nos quais os produtos competem com os importados, a guerra para manter o preço competitivo é enorme, de acordo com Coelho, porque o real valorizado deixa os preços dos produtos feitos lá fora ainda mais competitivos.

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