A receita bruta nominal do setor de serviços cresceu 1,6% em janeiro de 2015, ante igual mês de 2014, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (17). Foi o pior resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, que teve início em janeiro de 2012. A receita bruta do setor acumula alta de 5,4% em 12 meses.
Setor fechou 2014 com alta acumulada de 6% no faturamento
Como a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) é recente, o IBGE ainda não divulga números oficiais descontando a inflação. Com isso, os números mostram apenas o aumento do faturamento, e não o avanço do volume de vendas. O setor fechou 2014 com alta acumulada de 6%, informou o IBGE, a menor da série histórica. Em 2012, o faturamento do setor avançou 10% e, em 2013, encerrou com crescimento de 8,5%.
Os Serviços prestados às famílias registraram crescimento de 8,6%, em desaceleração frente a dezembro, quando cresceram 8,8%, mas com melhora frente a novembro (4,4%). Já os Serviços de informação e comunicação encolheram 2,5%, mais que a contração de 2% dezembro e de 1% em novembro.
Os Serviços profissionais, administrativos e complementares, por sua vez, tiveram alta de 5,3%, também mais fraco que o resultado de dezembro (11%) e novembro (6,6%). Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio avançaram 2,2%, menos da metade da taxa de dezembro (4,9%) e abaixo da de novembro (3,9%).
O segmento Outros serviços apresentou variação nominal negativa de -0,1%, sendo que em dezembro e novembro foram registradas taxas de 3,4% e 6,5%, respectivamente.
O setor de serviços é um dos mais importantes na composição do Produto Interno Bruto (PIB), respondendo por cerca de 60% do chamado lado da oferta — formado também por indústria e agropecuária. A PMS, no entanto, tem metodolodia diferente da utilizada para o cálculo do PIB. O segmento foi beneficiado pelo forte aumento do consumo dos últimos cinco anos, mas agora começa a perceber os efeitos da desaceleração da economia.
A Pesquisa Mensal de Serviços foi inaugurada em agosto de 2013, com série histórica desde janeiro de 2012. A pesquisa produz índices nominais de receita bruta, desagregados por atividades e com detalhes para alguns Estados, divididos em três tipos principais: o índice do mês frente a igual mês do ano anterior; o índice acumulado no ano; e o índice acumulado em 12 meses.
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Ainda não há divulgação de dados com ajuste sazonal (mês contra mês imediatamente anterior), porque, segundo o IBGE, a dessazonalização requer a existência de uma série histórica de aproximadamente quatro anos.
Corte
O crescimento de apenas 1,6% na receita nominal do setor de serviços em janeiro foi causada pelo corte de gastos do governo e de empresas privadas, sobretudo com serviços avançados, segundo Roberto Saldanha, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Nós identificamos no mês de janeiro uma retração bastante significativa no setor de informação e comunicação. Tanto as empresas quanto o governo reduziram seus gastos em contratações, principalmente de serviços de informática. Foi um corte muito forte”, apontou Saldanha.
Saldanha acrescenta que os cortes feitos pelo governo incluem as esferas federal, estadual e municipal, e são decorrentes das restrições orçamentárias que vêm sendo amplamente divulgadas.
“Os contratos não estão sendo renovados, estão sendo adiados. Nas empresas privadas também estão cortando seus gastos em serviços avançados, que incluem serviços de telecomunicação, informática e serviços técnico-profissionais, que aí abrange consultoria, publicidade e propaganda, e engenharia e arquitetura”, enumerou ele.
Desaceleração brusca
O setor de serviços vinha de um crescimento nominal de 4,0% em dezembro, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Serviços.
“Essa desaceleração no índice foi basicamente em função da redução na demanda por serviços avançados, tanto tecnologicamente quanto em termos de conhecimento”, justificou o pesquisador.
O IBGE aponta que estão sendo mantidos os gastos com serviços administrativos e complementares, considerados básicos. “São aqueles que as empresas têm que manter, como serviços de portaria, limpeza, segurança. O que pode ser cortado ou adiado, as empresas estão cortando”, frisou.
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