• Carregando...

Curitiba – A lógica de que os mercados são mais eficientes quando oferta e demanda se concentram em um único ambiente foi incorporada pelo segmento da reciclagem. Há cerca de quatro anos empresas que produzem resíduos podem anunciar em um site na internet os sub-produtos de suas linhas. Na outra ponta, recicladoras compram materiais e oferecem serviços para dar um destino limpo a toneladas de metais, plástico e vidro. É claro que por trás disso não estão forças invisíveis, mas sim uma ação insistente de um departamento da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) interessado em melhorar a relação do setor com o meio ambiente.

Batizado de Bolsa de Reciclagem, o modelo criado dentro do Sistema Fiep foi pensado como parte de uma estratégia de melhoria dos indicadores ambientais no estado. Os técnicos da entidade queriam ensinar as empresas a, primeiro, produzir com menos resíduos. Em seguida, a meta seria fazer com que elas encontrassem o destino correto para o que nos velhos tempos era considerado lixo. A bolsa foi o instrumento criado para que facilitar o contato com interessados pelo material que, sem o cuidado certo, seriam levados a aterros sem qualquer cuidado.

Hoje a bolsa está se consolidando. O sistema passou por três reformulações e agora está sendo preparada sua quarta versão, que promete dar mais agilidade às operações. O site funciona como uma página de classificados em que são listados códigos de plásticos e metais. As qualidades elencadas são bem diferentes de outros tipos de anúncio de compra e venda – materiais moídos e prensados costumam ter preços mais altos no mercado.

As companhias não se identificam ao expor seus materiais ou suas necessidades de adquirir determinada matéria-prima. O sigilo, segundo os mantenedores do site, é preciso porque muitas empresas ainda vêem com desconfiança a relação entre seus nomes e os resíduos que saem de suas linhas. Hoje são 2,4 mil companhias cadastradas e o número de anúncios está crescendo. No ano passado, foram 742 propostas de compra e venda apresentadas pela página na internet – volume que já foi ultrapassado nos primeiros cinco meses de 2005, quando houve 822 anúncios.

"A bolsa abre oportunidades. Um reciclador de plástico, por exemplo, tem uma carteira de clientes, mas usa o site para procurar novos negócios", afirma Elisabeth Stapenhorst, especialista em tecnologia ambiental do Senai e responsável pela criação da metodologia usada na Bolsa de Reciclagem. A finalidade do sistema é ser um ambiente de compra e venda e também de aproximação entre potenciais parceiros.

O funcionamento não é como outras bolsas, em que existem cotações, os negócios são fechados em tempo real. "A negociação é feita fora daqui. É comum que se firmem contratos de fornecimento quando as empresas se conhecem melhor", explica Adílson de Paula Souza, coordenador da Assessoria Técnica e Tecnológica do Senai.

Para quem decide se manter na bolsa, existem algumas vantagens. "Sempre entram novidades no site e oportunidades de expansão", diz o coordenador. Além disso, há a chance de encontrar empresas em outros estados. Há inscritos de todos os estados do país e dos vizinhos do Mercosul. São Paulo lidera no número de participantes, com 932 empresas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]